MEU SERTÃO ESTÁ MODERNO!!!
Meu Sertão Está
Moderno!!!
Quem disse que em meu Sertão
Não chegou modernidade?
Hoje é pouca a diferença
Da roça para a cidade
Eu não imaginaria
Que aqui chegava energia
Água encanada internet
Na grande mudança eu vejo
Que o povo sertanejo
Não é de jogar confete.
Hoje os recantos da brenha
Estão digitalizados
E os matutos que lá vivem
Sempre estão conectados
Na mídia, a noite e ao dia,
E tudo que propicia
Esse mundo promissor
O campônio hora desfruta
Mudando toda a conduta
Do homem do interior.
Mas, é fato e não é fake,
A mudança radical
Do antes para o agora
A diferença é total
O matuto está adepto
A usar cartão de crédito
Tem domínio no wi-fi
E o morador da roça
Trabalhador da mão grossa
Bem nesse campo se sai.
Mané de dona Zefinha
Matuto do pé rachado
Que durante a vida toda
Só trabalhou no roçado
Sempre foi grosseiro e rudo
Sem conter nenhum estudo
Totalmente analfabeto
Perdido na matutagem
Mané passava a imagem
Do brocoió mais completo.
Ao vê-lo falei assim:
Como foi bom te encontrar
Ele disse e por que não
Ligou pra o meu celular?
Pra que o papo não escape
Eis aí meu WhatsApp
Facebook e Instagram
Vai meu MessengerTwitter
Para que não haja limite
No papo a cada manhã
Eu fui no meu pé de serra
Visitar minha gente
Nada está como era antes
Achei tudo diferente
A venda de seu Naldinho
Já virou um mercadinho
Onde o povo faz a feira
Tudo é chique nada é brega
Nada tem mais da bodega
Da estrada da Ribeira.
Fui no quiosque de Pedro
Tomar um caldo de cana
Degustar um bom pão doce
Pois acho muito bacana
Notei logo o desempenho
Pois aquele velho engenho
Que no braço era tocado
Foi trocado por um novo
Aderindo ao renovo
Agora é motorizado.
Saboreiei a merenda
Por demais apetitosa
Demorei por lá um pouco
Bati dois dedos de prosa
Com Pedro lá no balcão
Depois disse assim pois não
Diga qual foi o valor
Dá conta e pegue o dinheiro
Ele disse companheiro
Faça um pix por favor.
Carro de boi e jumento
Já são peças de museu
O quadriciclo e a moto
Há muito já os sucedeu
Moinho de pedra, pilão,
Candeeiro, lampião,
Por lá ninguém usa mais
De uso estão excluídos
Foram substituídos
Por coisas bem atuais.
Hoje o camponio roceiro
Não faz como antes fazia
Pra cuidar da sua roça
Usa a tecnologia
Calcula faz orçamento
Está alerta e atento
A qualquer variação
Que houver no mercado agrícola
Porque o nosso rurícola
Tem domínio da questão.
Gostei da modernidade
Que vi na minha terrinha
E até já compreendo
Por que Mané de Zefinha
Que nem sequer teve estudo
Está por dentro de tudo
O que tem para oferecer
O campo da cibernética
Ele não foge da ética
Sabe bem como fazer.
Do que ali presenciei
Fiquei estático, abismado,
Já deu para ver que o futuro
Não vai ser como passado
O que nos mostra o presente
Dá para ver que é aparente
E enorme a mutação
Pois o pedaço de terra
Aqui no meu pé de serra
Nada mais tem de sertão.
Carlos Aires
Carpina PE.
19/10/202--++