História em cordel
Pra quem não me conhece
Irei me apresentar
Através da poesia
Um pouco da minha história vou contar
E no desenrolar desse cordel
As dúvidas que foram surgindo
Irão se apagar
João Asimão sou eu
Sou um jovem nordestino
Que no sertão baiano nasceu
E por as brenhas do sertão cresceu
Convivendo na esperança
E revivendo em suas lemranças
Busca registrar o que para muitos morreu.
Cresci em meio a fortes laços culturais
Brincar de tudo um pouco
Sempre foi a minha paz
Hoje revivo e vivo caminhado
Pelas veredas desse chão
onde milho plantei e muitas covas de feijão
Plantação=salvação desse povão.
Sempre tive minha aparência
Pelos outros questionada,
Mas penso que minha vida
Não é fruto de nenhuma burrada,
Pois diversidade é divino
E se sou diferente dos primos
Vá se danar qualquer besteira falada.
Minha infância, minhas lembranças
Estão aqui na vizinhança
E se busco rememorar
Só me basta da memória uma dança
Para me ver no terreiro correr,
E logo no amanhecer
Renovar as esperanças.
Com o passar do tempo
Tive a desenvoltura
Passei a freqüentar a escola
E me redescobri através da leitura
Na reflexão surgiu uma atenção
Para que eu permanecesse
A caminhar na magia da cultura
mim via em cada letra
Mim formava nas palavras
Tinha o verbo do respeito
Que não aceitava a pirraça
E logo de início se notara o princípio
Do sentido da obra
De cada palavra
Sim, as letras ganhavam forma
Estrutura e corpo
Se formava em palavras
Do eu e do outro
E quando se percebia
João e Maria deliciavam-se
No verbo do biscoito
Acordar no dia seguinte
Com o pensamento em ação
Tomar o cafezin na companhia dos irmãos
Pôr o lápis e caderno na sacola
Erguer-se com alegria no coração
E pensar, e caminhar
Para a escola da inclusão.
a caminhada nem sempre foi fácil
Inclusive o fracasso
Era visto como um passo
Cair e levantar eis que se mostra
Como um empurrão a empurrar
E quando seguir o caminhar
Compreender que é puxado, mas vai valer
Acostumado com as verredas
Saia a percorrer
Conduzindo as cabras para a caatinga roer
E quando o sol esquentava
E a ventania chegava
Certamente ia chover
E o povo aliviaria o sofrer
De manhãzinha a chuva dava bom dia
A neblina escondia
A paisagem do sertão
Quando as crianças acordavam
De vista pensavam
Que as nuvens
Estavam presentes no chão
Usar sandálias para dos micróbios se livrar?
Oxe, saia descalço ligeiramente a passear
E enterrando os pés no chão
Sentia a fervura do solão
Cozinhar o solo do sertão
E as rachaduras começar
Os pés castigar
Sempre adorei observar a vegetação
Amava ver as plantinhas
Enraizadas pelo chão
E se o escaldante sol chegava
Logo se avistava as bixinhas esturicadas
E o vento forçando
A sua decomposição
Procuro historicizar as origens desse chão
Ando, pesquiso sobre o sertão
Mas penso cá comigo
Se quero repassar pros amigos
Vou poetizar, tentar resgatar
O esquecimento e plantando as sementes
Regar com o esperançar.
João Asimão