Feira do Interior
**Feira do interior**
Em uma ruazinha antiga
Na saída da cidade
Quem tá longe sente saudade
De sua terra querida
No peito uma urtiga
Causando assim tanta dor
De longe escuta o clamor
Que corrói e que maltrata
É um nó que não desata
**Uma feira do interior**
No balcão grosso de madeira
Do famoso Antônio Dias
Logo cedo a freguesia
Encosta pra bebedeira
A desculpa é ir na feira
Tomar pinga com licor
Pra refrescar o calor
De um dia ensolarado
Escontra se bebum sentado
**Na feira do interior**
No amarelo mercadão
Encontra carne bovina
E na barraca de Davina
Tem uma boa refeição
No caldo grosso do feijão
Uma riqueza de sabor
Uma pimenta com ardor
Nos gritos de Zé David
E o pastel de Piauí
**Tem na feira do interior**
Um esmole ainda moço
Na esquina de Ferreira
Um vendedor com peneira
Pendurada no pescoço
Tem nanuscada em caroço
E ele anda a todo vapor
Sabe de tudo o valor
Da mercadoria que vende
Quem vai não se arrepende
**Da feira do interior**
Quem chega cedo na feira
Montado num pau de arara
Compra carne da mais cara
Pra passar a semana inteira
Compra linguiça caseira
Sem penchichar o valor
E como um bom comprador
Leva uns biscoitos de Sula
Quem não conhece encabula
**Com a feira do interior**
Uma churrasqueira acesa
Com uma coxa de galeto
E um rolo de fumo preto
Encostado numa mesa
Verdura é uma riqueza
Inclusive couve flor
Da roça vem Salvador
Pra entrar no Sindicato
Conheça esse caboclo nato
**Na feira do interior**
Pinga Eva rotulada
Também tem a trasvalina
Ou uma boa Gasparina
Suave desce a danada
Uma galinha bem tratada
Em cima de um isopor
E o homem do cobertor
Já desmonta sua barraca
Meio dia já tá fraca
**A feira do interior**
A churrasqueira de Kilao
Na contramão da viela
Um vendedor de panela
Gritando na promoção
Mudas de manga e limão
Abrange aquele setor
E Grilo o locutor
Anuncia exame de Vista
Quer encontrar um artista
**Vá na feira do interior**
Um caminhão de melancia
De um homem bem bacana
E a loja de dona Joana
Que é aberta todo dia
Mais a frente a delegacia
Para prender brigador
A polícia taca o terror
Quebrando bruto no pau
E ainda tem a Contrucal
**Na feira do interior**
Uma praça bem cuidada
E no centro um coreto
Tudo nós trinques,no jeito
Mostra que é organizada
Que acolhe a criançada
Com peixes de toda cor
Oh prefeito trabalhador!
Tudo aqui parece novo
Essa é a voz do povo
**La na feira do interior**
Essas e outras cenas
Toda sexta se repete
Nem que chova canivete
É aberta a loja de Nena
A tarde solar e plena
Esbanja muito calor
E aquele dia frevedor
Que esquenta nossa alma
No fim do dia se acalma
**Mais uma feira do interior**