LUDMILA SAHAROVSKY
Na noite de 18/08/2022, no Encontro Literário Virtual da UBE-PB, tive a honra de saudar a confreira Ludmila Saharovsky, a escritora russa mais brasileira que conheço, em versos de Cordel:
Em nome da UBE
Paraíba Regional
Quero saudar Ludmila
Saharovsky, ideal
De escritora talentosa
Que fez da pena uma rosa
Da canção memorial
Ela é filha de pais russos
Porém na Áustria nasceu
Num momento temerário
Que na Europa se deu
Quando a cruel ditadura
De Stalin - a agrura
Estava em pleno apogeu
Lager Parsch, Salzburgo
Campo de refugiados
No pós guerra ela nasceu
Entre aqueles deserdados
Da segunda grande guerra
Os pais expulsos da terra
Com seus bens dilapidados
Perderam casa, amigos
Livros, coisas de valor,
Parentes e documentos
Só não perderam o amor
A vida e a assaz vontade
De lutar - tenacidade
Que forja o vencedor
Emprego qualificado
Certamente não havia
Naquela vida apertada
De gorjetas se vivia
Famílias em barracões
Brinquedos - só doações
As crianças - alegria
As cozinhas e banheiros
Eram, sim, comunitários
E na vida franciscana
Não se ganhava salários
As roupas e os brinquedos
Afirma-se sem segredos
Vinham d’outros usuários
As famílias recebiam
Uma cesta de alimentos
De 15 em 15 dias
E entre os suprimentos
Tablete de chocolate
Ainda o coração bate
Lembrando aqueles momentos
Um plus na alimentação
As hortas improvisadas
Forneciam os legumes
Por todos eram cuidadas
Dos bosques as iguarias
Cogumelos - alegrias
Nas sopas saboreadas
Frutas silvestres, geleias,
Para adoçar a vida
E assim sobreviveram
A essa légua comprida
Depois foram realocados
Hospitaleiros Estados
Que a vida é pra ser vivida
Estando ainda no campo
Bom mesmo era o barracão
Um centro de convivência
Ouvir rádio, religião,
Escola para os pequenos
Poemas, dias amenos,
De história contação
Como não havia livros
E as crianças não liam
Vinham histórias de cor
Que os olhinhos acendiam
O cavalinho corcunda
Peixinho dourado abunda
Fantasias mil valiam
E o seu avô, à noite,
Excelente desenhista
Juntava-se à sua mãe
Que era outra artista
Escreviam, ilustravam,
E pra Ludmila davam
Contos para a sua vista
Quando a nossa heroína
Veio morar no Brasil
Na Aldeia Carapicuíba
O vovô sempre gentil
Continuou escrevendo
E para a netinha lendo
Linda arte infantil
Não havia livros russos
Não se lia em português
Sendo então o livro caro
O vovô por sua vez
O seu livrinho criava
Lud personificava
Agradava-se o freguês
Assim a literatura
Entrou firme em sua vida
E foi a melhor amiga
Desta mulher aguerrida
Que vê na literatura
Uma terapia pura
Alimento e acolhida
Publicou diversos livros
E tem prêmios literários
Viver a literatura
Consta dos seus ideários
Em russo alfabetizada
Da flor do lácio é amada
Palmilha vários cenários
Habilidosa cronista
Ama escrever poesia
Ler seu blog Espelho D’Água
Desponta a alegria
Que há na sobrevivente
De integrar nossa gente
Em literária harmonia
Em seu “Tempos submersos -
Viagem aos Gulag soviéticos
Na busca dos ancestrais
Dos horrores antiéticos
Levanta o genocídio
A tortura do presídio
Dor, medo, homens patéticos...
É esta grande mulher
Que hoje irá falar
Do fenomenal Lobato
Do livro espetacular
Para ouvir CIDADES MORTAS
Confreiras, abram as portas
Confrades, vamo’escutar
Secretária de Cultura
Cidade Jacareí
Acadêmica da UBE
Confreira de Sander Lee
Associada ativa
Sua alma criativa
É coisa boa que vi
As duas antologias
Ajudou organizar
Na UBE PARAÍBA
Chegou mesmo pra somar
É um orgulho pra gente
Ter esta mulher decente
Neste literário lar
Portanto, cara confreira
Fale do grande escritor
Advogado, ativista,
Promotor e tradutor
O José Bento Renato
Nosso Monteiro Lobato
Que também foi editor
Seremos todos ‘ouvidos’
Tua graciosa verve
Por onde passa encanta
Nosso sentimento ferve
Ludmila, Ludmila,
O teu perfume destila
Beleza. Deus te preserve!