RAÍZES SOLTAS

RAÍZES SOLTAS

 

Desde novo que eu dirijo,

Começando aos nove anos,

Mesmo em dias tão furtivos,

Como nuvens de altiplanos,

Era um tempo tão curtido,

Mesmo quando em estampidos,

Nos queriam por cubanos.

 

Da infância à juventude,

Se passaram breves anos,

Mas se muda as atitudes,

Como os dias são insanos,

Desde lá como os quitutes,

Pois eu sei que as virtudes,

Não vêm de norte-americanos.

 

Impuseram-nos o leite em pó,

Nos dizendo ser moderno,

Quando o Superman deu um nó,

Em Lex Luthor com um terno,

E foi dizendo em nota dó,

O que me lembra a Jericó,

E as trombetas como berro.

 

Nós afundamos desde antes,

Como em guerra e bombardeio,

E os ianques tão distantes,

Nos botaram lá no meio,

E trouxeram seus instantes,

Controlando até gestantes,

Para o negro não ter seio.

 

O racismo, que é uma praga,

Se aproveitou do comunismo,

E Berlim, Roma ou Praga,

Espalhou-se em um nazismo,

Mas o esgoto sem ter draga,

Lembra o Tietê que estraga,

E aqui vence é o fascismo.

 

As raízes que ficaram soltas,

Ramificaram até nossos dias,

Nos quartéis ou nas malocas,

Nas prisões ou hipocrisias,

Mas não vivem só de botas,

Em carros de quatro portas,

Ou nos salões da fidalguia.

 

São mazelas da alma humana,

Que mata índio, preto e pobre,

Rasgam as fitas de uma cigana,

São dizimistas sem causa nobre,

Quebram relíquias numa cabana,

Posam nas festas de Copacabana,

Vivem pra morte ter seu cobre.