A lenda da mandioca
A história do meu país
É muito rica e é bela,
E a Lenda da mandioca,
É linda e faz parte dela.
Preste bastante atenção!
Peço a Deus inspiração
Para poder contar ela:
De acordo com essa lenda,
Que vem da tribo tupi,
Uma jovem indiazinha
Que daria à luz ali,
No meio daquela aldeia,
Em noite de lua cheia,
Embaixo do macupi.
Nasceu uma menina linda
E de Mani foi chamada.
Tinha a pele muito branca
Feito neve acumulada.
A nova índia tupi
Ouvindo o nome Mani
Deu a primeira risada.
Daquele dia em diante
Quanta alegria na aldeia!
Pois um filho é a luz
E que a toda mãe norteia.
Toda tribo a se alegrar
Pois onde Mani passar
Ela a todos encandeia.
O tempo foi se passando
E Mani, claro, crescendo.
Brincava feliz na aldeia,
Pelo mato se escondendo,
Outra coisa que adorava
Era quando ela ficava
Ali na aldeia correndo.
Todo mundo lá na tribo
Amava muito Mani,
Era ela que alegrava
O que havia por ali.
A alegria transbordava
E isso também alegrava
Todos da tribo tupi.
Mas, infelizmente, um dia
O pior aconteceu:
Quando menos esperava
A menina adoeceu.
Todo mundo preocupado
E também claro, assustado.
A tribo se entristeceu.
Chamaram pelo pajé
Que fez vários rituais
E magias para a cura
Que aprendeu com ancestrais.
Pois conhecia as reservas,
Então colheu muitas ervas
E remédios naturais.
Fez de um tudo que podia
Porém nada adiantou,
Quando a indiazinha morreu,
A tribo toda chorou.
Pois a todos transmitia
Muito amor, paz e alegria.
Mas isso agora acabou.
Então os pais da indiazinha
Pela questão cultural
Resolveram enterrar
Ali mesmo no local.
Antes que houvesse fofoca,
Sepultaram sob a oca.
Para eles, natural.
Eles regavam o corpo
Todo dia sem parar
Com as suas próprias lágrimas
Que eles deixavam rolar.
Por vários dias choraram
Tanto ali eles regaram
Que uma planta foi brotar.
Em homenagem à filha
A planta chamou maniva.
Uma forma de deixar,
Sua memória ainda viva.
A mãe seguia a regar.
Ela tinha que molhar.
Pois não tinha alternativa.
A raiz era marrom,
Por dentro ela era branquinha
Tal qual a cor de Mani,
A sua amada filhinha.
A mãe, toda apaixonada,
Não desgrudava por nada
Daquela linda plantinha.
Até que eles descobriram
Como aquela planta usar
Pra poder fazer farinha
Para o povo alimentar.
Assim a mãe descobriu:
Mesmo depois que partiu,
Mani vinha os alegrar.
A planta ganhou depois
O nome de mandioca
Que é junção de Mani
Com a expressão "de oca",
Casa do povo tupi
(Onde morava Mani)
Que era feita de taboca.
A lenda da mandioca
É do folclore indígena
Mesmo eu tendo uma família
Que aqui se traduz polígena,
Porém ainda distante
Eu tenho um amor bastante
Por essa cultura primígena.
Eu quero deixar bem claro
Que a lenda não inventei.
Pois é de origem tupi,
Eu apenas que rimei
Contando a história em cordel,
Fazendo assim meu papel
Para todos informei.
Eu achei a história linda,
Resolvi compartilhar.
O que fiz como poeta
Pois, foi somente rimar.
A história já existia,
Só transformei em poesia,
Pra saber se ia gostar.
Pois de um jeito irreverente,
Hoje você descobriu
Como foi que a mandioca
Lá para os índios surgiu.
Eles foram os primeiros,
Logo após, os estrangeiros.
Ela assim se difundiu.
Deixemos para outra hora,
Escrevo em outro cordel.
No momento estou ficando
Desprovido de papel.
E, sobre o descobrimento,
Quem sabe, em outro momento,
Te conto a história fiel.
Então, meu muito obrigado!
Me despeço com carinho.
Deixo um abraço rimado
A você, meu amiguinho.
Mas, antes de terminar,
Ainda quero deixar
Pra todos um recadinho:
Cultura é coisa séria
E temos que preservar.
A cultura do Nordeste
Nunca deve se acabar,
Principalmente o cordel,
Que nos faz esse papel
De o Nordeste se informar.
Agora dei meu recado.
Acho que posso ir embora.
Se gostou desse cordel,
Diga logo sem demora.
É porque eu já estou saindo,
Meu cavalo tá fugindo,
Deixei-o solto lá fora.
Até mais, meu grande amigo.
A você, de coração,
Desejo felicidades,
Paz, fé e consagração.
Quando fizer tapioca,
Lembre-se que a mandioca
É cultura do sertão!