Fui Visitar a Tapera da Casinha em que Nasci!!!i
Fui Visitar a Tapera
Da Casinha em que Nasci!!!
Fui visitar o sertão
Passei pela minha terra
Aquele meu Pé-de-Serra
Que mora em meu coração,
Foi tão grande a emoção
Que quase não resisti,
A saudade que senti
Fez viver velha quimera,
Ao visitar a Tapera
Da casinha em que nasci.
Dela nada mais restava
Só escombros e entulhos,
Cascalhos e pedregulhos,
No rancho que me abrigava,
Eu sequer imaginava
A cena triste que vi,
Tristonho fiquei ali
A lembrar como ela era,
Ao visitar a Tapera
Da casinha em que nasci.
Fiquei ali relembrando
Do tempo da meninice,
De cada tagarelice
Fui aos poucos recordando,
Os olhos lacrimejando
Segurar não consegui,
Soluçando eu prossegui
Sofrendo a mágoa severa,
Ao visitar a Tapera
Da casinha em que nasci.
A visita na verdade
Só me encheu a nostalgia
Pois do quarto em que eu dormia
Só encontrei a saudade
O meu Deus quanta maldade!
Disse baixinho e sai,
Pelo tanto que sofri,
Refazê-la quem me dera!
Pensei assim na Tapera
Da casinha em que nasci.
Da sua fachada bela
Lembro o alpendre imponente
Quando eu sentava contente
No batente da janela
De cada pote e panela
Juro que não esqueci
Do cachorro javali
Nem da vaquinha pantera
Ao visitar a Tapera
Da casinha em que nasci.
Lembro o terreiro da frente
Assim como o da cozinha
De cabra ovelha e galinha
Nada sai da minha mente
Do fogão de antigamente
Da égua que possui
Do jumento parati
Do meu tempo de paquera
Ao visitar a Tapera
Da casinha em que nasci.
Lembro a pedra de amolar
Foice Machado e facão
Da balança, do pilão
Do jirau, do alguidar
Da mesona de jantar
Das lições que aprendi
Da rede em que eu dormi
Das flores na primavera
Ao visitar a Tapera
Da casinha em que nasci.
Tudo que o tempo nos dá
O próprio tempo nos toma
E a essa conta se soma
A vida que vivi lá
Hoje vejo ao deus dará
Pra o fim não contribuí
Porém hoje revivi
Os bons tempos de outra era
Ao visitar seu Tapera
Da casinha em que nasci.
Carlos Aires
Recife PE.
05/01/2022