Saudade do Meu Sertão!!!
Saudade do. meu Sertão
Onde eu andava a cavalo
E acordava com o Galo
Cantando ap romper D'aurora
Das galinhas no terceiro
Do cevado no chiqueiro
Do Luzir do candeeiro,
Que o tempo levou embora.
De Lobisomem, caipora,
Papa--figo e outros mitos
Que naqueles esquisitos
Assombrava a garotada
Do bacurau no caminho
Moer milho no moinho
Das roupas de mescla e linho
Que hoje não tem mais nada.
Da porteira na estrada
Do milharal no roçado
Daquela luta com o gado
Que foi minha ocupação
Das tardes de ventania
Da brisa suave e Fria
Das prosas no fim do dia
No alpendre do Casarão.
Das cortadas de ração,
Das noites de chuva grossa,
Da vida simples na roça,
Das estrelas a brilhar,
De beber água da fonte,
De vê por detrás do Monte
A lua no horizonte
A noitinha despontar.
A saudade faz lembrar
Das missas nos vilarejos
Das fogueiras e festejos
Nas noites de São João,
Das festanças animadas
Dos bons forrós nas latadas,
Cantorias, vaquejadas,
Bingos, quermesse e leilão.
Em tempos de sequidão
Lembro o gado emagrecido
E um bezerro desnutrido
Berrando lá nono curral
Do rebanho separado
Pra que fosse alimentado
Recebendo com cuidado
Alimento special.
Lembro de cada animal
Que atendia pelo nome
Da vaca velha com fome
Mugindo a pedir comida,
E eu pra não vê-la morta
Ia lá atrás da porta
Trazia um pouco de torta
Pra deixá-la bem nutrida.
Foi assim a minha vida
Lá no meu Torrão natal
E de forma especial
Eu fiz essa narração
Pra demostrar na verdade
A minha emotividade
Ao relatar a saudade
Que sinto do meu Sertão.
Carlos Aires
Recife PE.
16/12/2021