O NATAL DOS EXCLUÍDOS!!!
Nessa época natalina
Resolvi sair na rua
Pra observar como vive
O que amarga a sorte crua
De ser um ser desvalido
Massacrado e excluído
Do mundo dos abastados
Sem carinho, sem afeto,
Sem ter ao menos um teto
Pra que vivam abrigados.
Decidi me aproximar
Desses Desafortunados
Para entender como vivem
Totalmente abandonados
Na mais profunda miséria
Ouve deboche e pilhéria
De forma vil e mesquinha
Quando mendiga uma esmola
O taxam de cheira cola
De pivete e trombadinha.
Procurei interrogar
Um desses desprotegidos
Pra saber como se sentem
Esses pobres esquecidos
E o mesmo me disse assim
Nosso viver é tão ruim
Somos meros desprezados
Reduzidos a farrapos
Vestidos com velhos trapos
Sujos e esmolambados.
Moço, vivemos na rua,
Mas nossa pobreza é tanta
Sem ter café da manhã
Falta o almoço e a janta
Vivemos passando fome
Sem ter estudo, sem nome,
Nas mais tristes aflições
Assim sem ter quem nos valha
Nosso alimento é migalha
Das lixeiras das mansões.
Essa época do natal
Pra nós é muito cruel
Aguardamos a visita
Do velho Papai Noel
Porém aquele arrogante
Passa por muito distante
Nem olha pra o que não tem
Só ver os bem sucedidos
E não ver que os excluídos
São filhos de Deus também.
Seu moço nesse momento
Vou lhe contar um segredo
Eu estou com dose anos
E nunca tive um brinquedo,
Só conheço a vida dura
E meu cálice de amargura
Vou sorvendo pouco a pouco
Entre agruras e lamentos
Mágoas dores e sofrimentos
Que me deixam quase louco.
E assim vou levando a vida
De maltrapilho, indigente,
Sem ter lar, sem ter guarida,
Sem pai, sem mãe, sem parente
Vivendo desalojado
Numa marquise abrigado
Num sofrimento profundo
Tristonho e amargurado
Inda sou classificado
Como a escória do mundo.
Portanto nesse natal
Não posso ficar feliz
Com o que vive na rua
Essa festa não condiz
Porque o Papai Noel
Aquele velho cruel
Longe de nós se mantém
Não ver que somos carentes
E só leva seus presentes
Praqueles que tudo tem.
E na noite natalina
Pra nós a coisa é mais feia
Enquanto os afortunados
Degustam a farta ceia
Ficamos somente olhando
Ansiosos esperando
Pra dá um breve capricho
Na fome, e nossos desejos,
Se resumem aos sobejos
Que são jogados no lixo.
Assim é a nossa vida
Um rosário de amargura
Sem ter paz e nem sossego
Numa infeliz tortura
Vagando sem endereço
Em busca de um recomeço
Que surja ao nosso redor
Caso apareça esse lance
Teremos a grande chance
De um dia viver melhor.
Carlos Aires
Carpina PE.
11/12/2021