Mas nao deixei de seguir meu itinerário

Já subi as escadas do destino

Já dei passos em busca da direção

Irrigando de amor meu coração

Conservando nele o sonho de menino

Sempre avante já fui mais que peregrino

Mais que monge num silêncio solitário

Fui guerreiro como se fosse um templário

Defendendo causas que acreditei

Se vitorias obtive eu já nem sei

Mas não deixei de seguir meu itinerário.

Já vivi ilusões tão descabidas

Feito sonhos que sonhava Rapunzel

Joguei tranças e qual Ismália fui ao céu

Fui Quitéria guerreira em suas lidas

Tive heranças dessas graças recebidas

Flutuei por um mundo imaginário

E do eixo central fui operário

Beijei a lua e de perto eu vi o sol

Do universo fiz deste meu arrebol

Mas não deixei de seguir meu itinerário.

Entre Crisalidas Falenas e Americanas

Vi Machado escrevendo um verso novo

Vi a saga tão inculta de um povo

Envolvidos em suas mentes tão insanas

Feito viajor em minhas longas savanas

Rebusquei na aridez meu relicário

Na leitura de um pergaminho lendário

Entre as intermináveis viagens

Sem saber discernir se eram miragens

Mas nao deixei de seguir meu itinerário

De que valem catatumbas faraônicas

Se tesouros enterrados não compram nada

De que valem os passos da caminhada

Se na vida as paixões são tão platônicas

Feito formas geométricas tão cônicas

Amarrando um tal eixo imaginário

E se ele girasse ao contrário

Mudaria o meu passo no caminhar?

Eu as vezes errei o próprio andar

Mas não deixei de seguir meu itinerário.

E se a fé me faltar, que vale a vida

O que me resta viver sem acreditar

Se desde cedo eu aprendi respeitar

Que o que conta é toda lição aprendida

As escrituras guardam e protegem a lida

Afastando que creiamos num falsário

Que engana com seu modo arbitrário

Pra desviar fazendo se perder a alma

Ate confesso já cheguei perder a calma

Mas não deixei de seguir meu itinerário.

E no findar desse sagrado caminhar

Ca deixarei nessa terra o meu legado

Pois procurei colher bom aprendizado

Em passos certos fora esse meu trilhar

Nem a mim mesmo eu procurei enganar

Fiz do caminho meu portal de um santuário

Posso até não viver um centenário

Porem sou grato ao todo que já vivi

Com riso e dor eu cheguei até aqui

Mas não deixei de seguir meu itinerário.

Carlos Silva

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 06/12/2021
Reeditado em 21/03/2022
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