As peripécias de Zé verdade – parte I

Amigos, peço licença

Pra falar dessa autarquia

Que por onde ele passava

Emanava uma energia

Que contagiava a todos

E alegrava nosso dia

Nosso amigo zé verdade

Era muito conhecido

Um homem trabalhador

também muito divertido

amava contar história

para quem lhe desse ouvido.

Uma de suas histórias

Que é muito conhecida

É de: “fulano morreu,

Porém se encontra com vida”

Uma história interessante,

Também muito divertida.

Um certo dia, zé verdade,

foi pra rua passear

encontrou alguns amigos

que queriam lhe zoar.

disseram: chega aqui Zé!

encosta pra conversar.

Conte-nos uma mentira

Pra alegrar nossa jornada.

Ele só fez responder:

— Bem que eu queria camarada,

Mas agora, infelizmente,

A coisa é complicada.

Compadre João morreu

Tô indo na funerária,

Por favor, continue aí,

Na sua luta diária,

Eu vou seguir meu caminho

Nessa estrada solitária

Apesar desse momento

Ser bem triste para nós

Temos que continuar

Já dizia meus avós:

A vida é cheia de contra,

Porém, sempre tem os prós —

Ele falou e saiu

E os caba se entristeceu

não dava pra acreditar

que o amigo João morreu

mas zé falava tão sério

que os caba se comoveu.

Na hora parou o serviço

Ninguém quis mais trabalhar

Disseram: — Vamos na casa

Do João pra visitar.

Despedir do nosso amigo

Que tanto fez pra ajudar.

E naquele clima fúnebre

Saíram da construção

E foram direto à casa

Da família de João

Esperavam o encontrar

Morto, dentro de um caixão.

Mas quando lá chegaram

Tão grande foi a surpresa

Encontram o Seu João

Conversando com Teresa

E perguntando o que tinha,

Hoje para sobremesa.

E logo atrás, Zé verdade,

Que vinha chegando ali

Que já foi logo dizendo:

— O que fazem por aqui?

Vocês não tão trabalhando,

Passei agora e não vi. —

Os caba disse: - Mas Zé

Que "fuleragem" é essa?

Disse que João morreu

E saiu de lá com pressa

Confiamos em você

E você faz uma dessa?

Aí, Zé verdade disse: Oxe!

E que culpa tenho eu?

Você me fez um pedido

E fui eu quem lhe atendeu.

Então, não venha me culpar,

Pois o pedido foi seu.

Você pediu que contasse

A mentira pra vocês

Eu só fiz o que pediu

Pra não perder o freguês

Mas não está satisfeito,

Quer que lhe conte outra vez?

Certo feita, Zé verdade

Contanto uma história

Do seu tempo de menino

Dos seus anos de glória

Daqueles tempos passados

Que trazia na memória

Ele contava de um jogo

Do time do coração

que lhe dava muito orgulho

e muita satisfação

o time de zé verdade

era o famoso mengão.

Ele dizia que um dia

O time tava jogando

Porém, infelizmente,

Tava uma surra levando,

De repente olhou pro lado

O telefone tocando.

Ele correu pra atender

Estava muito nervoso

Pois ver seu time perdendo

Era muito doloroso

No entanto, quando atendeu

Foi algo maravilhoso.

Era o técnico do flamengo

Lhe pedido pra ajudar

Dizendo: — corra ligeiro,

Vou lhe botar pra jogar

Arrume logo as chuteiras

O avião vai lhe buscar —

Ele disse: — professor,

O jogo tá três a zero?

O professor respondeu:

— Zé, deixe de lero-lero

Falta só trinta minutos

Venha logo que eu te espero —

Ele se arrumou bem rápido,

E a campainha tocou.

Era o piloto chamando

Seu Zé o avião chegou.

Ele saiu na carreira

Logo no avião entrou.

Faltando quinze minutos

Para a partida acabar

ele nem bem foi chegando

já o botaram pra entrar

e no seu primeiro lance

uma bola pra cabecear.

Zé subiu mais que o zagueiro

Cabeceou no cantinho

Narrador gritou ligeiro

É golaço do baixinho

O goleiro nem viu a bola

Caiu duro, coitadinho.

Dois minutos se passaram

Uma bola atravessada,

Zé matou ela no peito

Deu na zaga uma cortada

Chutou tão forte pro gol

Que o goleiro não viu nada.

Com 3 a 2 no placar

O flamengo ainda perdendo

Quarenta do segundo tempo

A torcida enlouquecendo

Zinho disse: — Zé verdade

vamos acabar perdendo —

Zé verdade disse: — Homem,

Deixa de falar besteira

Eu não vim lá de Santana

Pra calçar essa chuteira

E depois sair perdendo

Você tá de brincadeira.

Vamos pegar os caba

Porque aqui é mengão

Se a chuteira rasgar

Nóis joga com coração

E vamos logo jogar

Que quero ser campeão —

Partiu pra cima da bola

E desarmou o atacante

Tocou pra Zinho, na frente,

E como um bom centroavante

Correu logo para área

Fez um gol emocionante.

Acha que isso foi tudo?

Você não sabe de nada

O mais emocionante

Foi mesmo na arquibancada

Pois o mesmo gol de empate

Também foi o da virada.

Ele recebeu a bola

E deu logo um voleio

Pobre goleiro adversário

Recebeu um bombardeio

O chute mais foi tão forte

Que a bola partiu no meio.

Cada banda para um lado

Que lá no gol foi entrando

E para o meio do campo

O árbitro foi apontando

— Os dois gols de uma só vez! —

Assim foi logo apitando.

E Quando o jogo acabou

O povo foi à loucura

O flamengo foi campeão

Numa partida bem dura

E graças a Zé verdade

Aquela grande figura.

Eu termino este cordel

Agradecendo ao leitor

Que preserva nossa história

com muito carinho e amor

Valorizando a cultura,

A esses eu dou valor.

Cordelista Ulisses Ângelo
Enviado por Cordelista Ulisses Ângelo em 26/07/2021
Reeditado em 26/10/2022
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