Um quase cordel com estrofes de 12 versos e com pretensão de ser poema

Por mais que o desejo tose
por mais que haja menos psicose
sou de uma vontade que não acaba
Como uma eterna overdose
sofro sempre a metamorfose
da solução também ser o problema
Minha ideia as vezes desaba
é colmeia de abelha braba
que ferroa o seu sistema
Sou um inseto ainda em larva
em um amontoado de palavras
com intenção de ser poema

Crio verdades no delirio dos versos
sou marujo vagante do multiverso
ilha de poeira no mar da constelação
Sou da paz, e por ser, sou o inverso
da filosofia do algoz mais perverso
contrário ao mal que há no teorema
Sou em mim, porcentagem da fração
a fissura que nada cola o coração
que apanha em infinito edema
Sou cor que a tinta nunca grava
em um amontoado de palavras
com a intenção de ser poema

Um vagabundo montando o vento
alazão cujo nome eu dei de Tempo
para o galope do caminho das horas
Forjador de estradas em sentimentos
inimigo da inércia, capitão do relento
o que tem a noite como emblema
O que rima o amor que foi embora
com a saudade que na alma mora
e descanta o silêncio dos fonemas
Sou o entrave que não destrava
em um amontoado de palavras
com a intenção de ser poema


28-12-2020
15h57min
Murillo diMattos
Enviado por Murillo diMattos em 29/12/2020
Reeditado em 29/12/2020
Código do texto: T7146797
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