Deus, O Poeta.
Deus pra fazer poesias
Não precisa de papel,
De nuvens faz Seu Cordel,
Pondo estrelas luzidias,
Sem arrotar agonias,
Escrevendo com coriscos,
Improvisa sem rabiscos,
Uma escrita retilínea,
Sem ressalvas, ou alíneas,
Sem colocar asteriscos.
Um buraco fez na serra,
Noutra serra uma galinha,
Curva, reta, ou torta linha,
No traçado Ele não erra,
Sem usar martelo, ou serra,
As águas na gruta somem,*
De outra rocha fez um homem,
De sal a mulher de Ló,
Sem ferramentas nem mó,
Seus olhos nunca dormem.
Cristalina de Goiás
Guarda a Pedra do chapéu,
Da Cachoeira fez um véu,
Ninguém fez igual nem faz,
Sem porquês, nem aliás,
A Pedra da Paciência
Não rola, tem aderência
Sobre outra pedra lisa,
Ninguém faz à Sua guisa,
Nem imita Sua Ciência.
Fez abrir o Mar Vermelho,
Das águas fez catarata,
Se Ele atar ninguém desata,
Pôs na lagoa um espelho,
Do dinossauro ao raspelho,
Da harpia ao mucuim,
Da raffresia ao jasmim,
Tudo Ele fez com bonanza,
Sob um rio fez o Rio Hamza,
Sua poesia não tem fim.
Sem compasso e sem caneta,
Fez arco-íris com requinte,
Melhor que Apolo e Da Vince,
Sem marcar na ampulheta,
Fez o Poço Violeta,
No oceano a estrela guia,
Um sol quente ao meio dia,
Outro morno anoitecendo
E assim segue escrevendo,
Seu Cordel em cantoria.
PS.:
- Pedra do Chapéu: Cristalina de Goiás.
- Pedra da Paciência: Itabi -SE.
- Poço Violeta - Cristino Castro-PI.
- Cachoeira Véu de Noiva: MT.
- Serra da Galinha Choca: Quixadá-CE.
- Homem de Pedra: Pedro II - PI.
- Serra do Buraco: Serra da Capivara- PI.
- Estátua de sal da mulher de Ló: Israel.
*Rio Perdido (Serra da Bodoquena) MS.
- Rio Hamza tem 6.000 km e corre sob o Solimões e Rio Amazonas, numa profundidade de 4000 m e tem uma vasão maior que a do Rio São Francisco. Foi descoberto na década de 70 pelo geofísico indiano Valiya Hamza.
Recomendo que conheçam, pelo menos nas fotos do Google.
Aracaju-Sergipe, 12/ 22/ 2020