A VIDA NA ROÇA É ASSIM!!!
Logo cedo se levanta
Para cuidar da ordenha
Escuta um galo que canta,
Acende o fogão a lenha,
Depois sem que haja trauma
Moi o capim, pica a palma,
Tange o gado pra o cercado
E assim é que o campesino
Vive a cumprir seu destino
Feliz, e muito animado.
Para o que vive na roça
A luta é grande e sem fim,
Mesmo que possa ou não possa
Não acha a vida ruim,
Vive alegre e satisfeito!
Seja o trabalho no eito
Ou mesmo na vacaria,
Faz cerca, finca mourão,
Sai à busca de ração
É assim seu dia a dia.
Dá comida a um boi mocho
Que está, no curral trancado,
Coloca a ração no cocho
E sai dali apressado,
Bota a cangalha ligeiro,
No burro, e vai ao barreiro,
Pegar água para o gasto
Olha um cortiço de abelhas,
Solta as cabras e as ovelhas
Pra se fartarem no pasto.
Pra cidade vai a feira
Cedo, volta ao seu lugar,
Dessa vida corriqueira
Jamais irá se afastar
Sua rotina prossegue
Sela o cavalo ou o jegue
E no campo confere o gado,
E com muita empolgação
Vai cumprir a obrigação
De capinar seu roçado.
Só na hora do almoço
Vem pra casa abastecer,
Com calma, sem alvoroço,
Vai sua barriga encher,
Quando descansa um pouquinho
Vai cuidar de um bezerrinho
Que está com uma bicheira
Trata um pouco da ferida
E coloca o larvicida
Pra repelir varejeira.
Vai buscar a bezerrada
No pasto para apartar
E assim garante a coalhada
E o leite pra não faltar
O queijo e o requeijão,
E aquela manteiga então,
Tem sabor inigualável
Pra comer com cuscuz quente
Que muito apetece a gente
Com seu palato agradável.
A noitinha encerra a luta
Vai repousar bem tranquilo,
Numa calma absoluta
Lá longe escuta algum grilo
Cricrilar no matagal,
Ou seu cachorro leal
Latir a qualquer instante
Qual sentinela fiel
Cumpre tão bem seu papel
De um atento vigilante.
E aqui deixei meu relato
Da vida do campineiro,
Como um singelo retrato
Desse matuto altaneiro,
Que não contém viver mole,
Constantemente se bole
Para cuidar do que tem
Junto a esposa querida!
E assim leva sua vida
Sem dever nada a ninguém.
Carlos Aires
12/08/2020