QUINTO DEGRAU
Certo dia num banco de praça, alguém esse “causo” narrava
Velho contador de estórias que por essas terras andava
Dizia tudo o que se faz na terra, na terra se paga
A vida cobra um preço a lei do retorno é sagrada
A crença no que falava e a emoção nos seus olhos eu lia
Contando essa triste estória que até hoje me arrepia
Um jovem muito desordeiro, que todas maldade fazia
Causando desgosto e tormento ao seu pobre pai que sofria
Agredia o pobre coitado, causando tormento e aflição
E não ouvia os conselhos, saídos de seu coração.
Meu filho tome cuidado com tudo o que hoje me faz
A vida cobra o preço, a lei do retorno virá
E tudo o que fazes comigo seu filho amanhã lhe fará
Hoje eu estou pagando por coisas que fiz no passado
Filhinho você é a prova do quanto estava errado
Disse o rapaz eu não creio nas bobagens de um pobre infeliz
Mas vou lhe mostrar os conselhos que minha chibata lhe diz
Depois de surrar seu pai o arrastou pela escada
O homem foi se debatendo numa luta desesperada
De repente, surgindo das sombras um vulto se projetou
O jovem então reconheceu que era o seu falecido avô
Disse já chega meu neto, já pode parar por favor
Esse é o quinto degrau até onde seu pai me arrastou
Agora está consumada a vingança que a vida fez
Mas tenha certeza meu neto que vai chegar sua vez
Velho contador de estórias foi-se embora com os olhos molhados
Dizendo: cada um colhe na vida o que por ele for semeado.