O PILÃO E A BALANÇA!!

Tem coisas que a gente cresce

E não nos sai da lembrança,

E na mente permanece

Como uma sublime herança,

De um passado de glória!

Passo a contar a história

De tudo o que aconteceu

Com as peças antiquadas

Que continuam guardadas

Na memória e no museu.

Trata-se de um pilão

E d’uma balança antiga

Que com zelo e emoção

O meu coração abriga

As notáveis raridades,

E essas antiguidades

Do tempo dos meus avós

Ainda estão preservadas

E se encontram bem guardadas

Pois são relíquias pra nós.

A balança um instrumento,

De grande utilização,

Pesava a todo o momento

Feijão milho e algodão,

Batata, fava, farinha,

Até mesmo alguém que vinha

Conferir sua pesagem,

Por isso eu achei por bem

Citá-la, pois me convém,

Saudá-la nessa homenagem.

O velho pilão talvez,

Sequer fosse diferente,

Pois era a bola da vez

Pra trabalhar duramente

Com garra, coragem, fé!

Nele pilavam o café,

Milho, pra fazer fubá,

Afora disso também,

Angu, farelo e xerém,

Bolo, cuscuz, mungunzá.

Os dois na lida tiveram

A mesma destinação,

E ambos pra cá vieram

Lá das plagas do sertão

Aqui para o pé da serra,

E assim foi que nessa terra

Recomeçaram na luta!

Dando duro no pesado

O trabalho era suado

Por conta da força bruta.

Não faltava atividade

Nem pra ele e nem pra ela,

Pois a lida na verdade

Era uma eterna procela,

Tudo que a gente fazia

Fosse de noite ou dia

Ocupava esse pilão!

E a balança sempre estava

De plantão, e não negava,

Uma ajuda, uma demão.

O meu avô esculpiu

O tal pilão num miolo

De jucá, mas conseguiu,

Enfim terminar rolo!

Lutou muito com certeza

Mas compensou a dureza

Do seu trabalho incansável

Que até hoje nos encanta,

Pois a perfeição é tanta

Que é demais admirável.

Do pilão e da balança

Fiz a ampla narração,

Mantê-los em segurança

É a nossa obrigação,

A ideia foi de Arlindo

Que com o seu gesto lindo

Cuidou bem desse passado

Que será eternamente

Lembrado, pois certamente,

Não morrerá tal legado.

Carlos Aires

11/08/2020