A ENCHENTE!!!
Numa tarde ensolarada
Em pleno mês de janeiro,
Lá por cima da chapada
Começou um nevoeiro,
Que aos poucos foi aumentando,
Aí veio um vento brando
Varrendo todo baixio,
Mudando a temperatura
Formando a penumbra escura
E causando bastante frio.
Começou um relampejo
Por cima do chapadão,
Nesse momento o trovejo
Também entrou em ação,
Logo uma pingueira grossa
Foi caindo sobre a roça
E formando um aguaceiro,
Que aos poucos foi aumentando
Encharcando e inundando
O prado e o campo inteiro.
Da encosta da montanha
Sequer se via os sinais,
A zoada era tamanha
Pois já chovia demais,
Logo o dia empardeceu
Envolvido pelo breu
De uma negra escuridão
A chuvarada aumentava
E a água já transbordava
Nas margens do ribeirão.
Choveu uma noite inteira
Sem cessar um só instante,
A casa encheu de goteira
Num pinga-pinga irritante,
Longe, a cascata estrondava,
Como quem anunciava
De maneira eficiente
Naquele seu ribombar
Que breve iria chegar
Uma rigorosa enchente.
Quando amanheceu o dia
O camponês levantou-se,
Mas, não sentiu alegria,
Do contrário, desolou-se,
Com o estrago encontrado
No cercado e no roçado
Até chorou nessa hora,
Na força da enxurrada
Ali não sobrou foi nada,
E o açude foi embora.
Tristonho, olhou para a serra.
Sentiu bastante emoção,
O cenário era de guerra
Por conta da erosão,
Que rasgava todo o solo
E desfigurava o colo
Da serrania imponente,
A força da correnteza
Destruiu toda beleza
Deixou tudo diferente.
As vacas já se atolavam,
Em meio a o lamaceiro,
E as cabras nem se arriscavam
Em saírem do chiqueiro,
Do pasto, nada sobrou,
O curral também ficou
Encharcado e lamacento,
A várzea sem capinzal
Por conta do temporal
Tão severo e violento.
E nesse breve relato
A enchente eu descrevi,
Fazendo o fiel retrato
Daquilo que um dia eu vi,
Na minha terra querida!
Mas, segui de fronte erguida,
Sem guardar mágoa ou rancor,
Pois o fato acontecido
Sei bem que foi permitido
Por Deus Pai, o Criador.
Carlos Aires
05/08/2020