POLÍTICA, RELIGIÃO E DITADURA
Os caminhos não eram retos,
Era tanta incerteza no sertão,
Amontoados feito gado,
Era nosso povo naquele chão,
Muita pobreza e tanta carestia,
O mundo era só uma fantasia,
E o estado não estendia a mão.
Tempo que o governo virava as costas,
Da grande nação nordestina...
Tudo para o sertanejo era sacrifício,
Nada, ao sertanejo, se destina,
Se não fosse farinha d’água,
A santa sopa rala de beldroega,
E a fé que do povo que não desatina.
Mas, se um cabra surgisse com valentia,
Assim afoito, como Virgulino, o Lampião,
Logo o estado fazia alvoroço e prometia...
Dizendo, aqui, quem manda é o patrão,
Criava frente de combate, ameaçava o povo,
Fazia estripulia, chegava fazendo tudo de novo,
Em cada canto um soldado com trabuco na mão.
Era a única vez em que o estado aparecia,
Então, reunia os Macacos, fazendeiros, ricos,
Fazia reboliço, pregava sua constituição,
Advertia o povo, colocava nas ruas os milicos.
Ninguém podia se manifestar, fazer solicitação,
Os coroné logo dizia, olha o povo na manifestação,
Então era tiro, prisão e perseguição, todos os fiscos.
Eu me alembro muito bem, dos tanques nas ruas,
Era moleque, mas já sabia do poderio da tortura,
Não tinha direito, respeito, nem a tá democracia,
O povo assustado, sem saber a razão da ditadura,
E naquela ocasião, via a união, política e religião,
Pregando suas ideologias, cheios de compaixão,
Subjugando Deus, sem enchendo de compostura.
Os caminhos não eram retos,
Era tanta incerteza no sertão,
Amontoados feito gado,
Era nosso povo naquele chão,
Muita pobreza e tanta carestia,
O mundo era só uma fantasia,
E o estado não estendia a mão.
Tempo que o governo virava as costas,
Da grande nação nordestina...
Tudo para o sertanejo era sacrifício,
Nada, ao sertanejo, se destina,
Se não fosse farinha d’água,
A santa sopa rala de beldroega,
E a fé que do povo que não desatina.
Mas, se um cabra surgisse com valentia,
Assim afoito, como Virgulino, o Lampião,
Logo o estado fazia alvoroço e prometia...
Dizendo, aqui, quem manda é o patrão,
Criava frente de combate, ameaçava o povo,
Fazia estripulia, chegava fazendo tudo de novo,
Em cada canto um soldado com trabuco na mão.
Era a única vez em que o estado aparecia,
Então, reunia os Macacos, fazendeiros, ricos,
Fazia reboliço, pregava sua constituição,
Advertia o povo, colocava nas ruas os milicos.
Ninguém podia se manifestar, fazer solicitação,
Os coroné logo dizia, olha o povo na manifestação,
Então era tiro, prisão e perseguição, todos os fiscos.
Eu me alembro muito bem, dos tanques nas ruas,
Era moleque, mas já sabia do poderio da tortura,
Não tinha direito, respeito, nem a tá democracia,
O povo assustado, sem saber a razão da ditadura,
E naquela ocasião, via a união, política e religião,
Pregando suas ideologias, cheios de compaixão,
Subjugando Deus, sem enchendo de compostura.