O MEU PÉ-DE-SERRA AMADO!!!
Oh! Meu Pé-de-Serra amado!
Vou falar de te um pouco,
Vivo de te afastado
Porém, estou quase louco,
De saudade dos teus prados,
Onde passavam vexados
Os colibris voadores,
Para atender os almejos
De dar os suaves beijos
Sugando o pólen das flores.
Nas tardes lindas de estio
O calor era escaldante,
Mas, de tardezinha o frio,
Chegava predominante,
Quando uma brisa suave
Trazia com ela a chave,
Para abrir aquela porta,
Por onde o vento passava
E com brandura refrescava
A tarde já quase morta.
Nesse momento se dava
O crepúsculo avermelhado,
Espalhando onde alcançava
Seu vasto lençol dourado,
A noite se aproximando
Quando o dia ia exalando
Seu longo e último suspiro,
E o sol por detrás do monte
Deixava opaco o horizonte
Ao completar seu retiro.
Num garrancho um passarinho
Trazia armado o esquema,
Antes de seguir pra o ninho
Recitava algum poema,
Como que se despedindo
Do dia já quase findo
E a noite sem ter enfado,
Com estrelas pontilha o céu
Formando um sublime véu
Num cenário inusitado.
A lua já despontando
Linda, por cima da mata,
E a beleza se espalhando,
Ao refletir sua prata
Por sobre a relva macia,
Que todo o campo encobria,
E eu, totalmente indeciso,
Ficava ali matutando
E o meu lugar comparando
Com a porta do paraíso.
Logo, a noite caminhava,
E a hora já avançada,
E em breve já descambava
Para entrar na madrugada
Silenciosa e soturna,
De alguma ave noturna
Ao longe se ouvia um pio,
Por vezes tão langoroso
Que se tornava assombroso
Causando medo e arrepio.
Dalí já se aproximava
O lindo quebrar da barra,
E a passarada já estava
Pronta pra fazer a farra
Saudando o novo arrebol,
Era quando o rouxinol
Cantava com alegria
Aquela moda tão linda
Só para dar boa vinda
Ao raiar de um novo dia.
A assim era a minha terra
No tempo que lá vivi,
Seja na paz ou na guerra
Não me esquecerei de ti,
Desse torrão estimado
Eu sempre estarei lembrado
E já estou convencido
Que não te abandonarei
E sempre te exaltarei
Meu Frutuoso querido!
Carlos Aires
04/07/2020