A QUARENTENA DO MATUTO

A quarentena do Matuto

A

Em quarentena é assim

Todos na mesma base

Os acentos esquecidos,

Até o "A" perde a crase....

Vamos nós sem paciência

Tentando manter decência

Sem medir palavra ou frase!

B

Nesse ponto falta gaze

Pra enxugar os lamentos

A discussão se apodera

Quando acaba fingimentos

Os acordos são banais

Os alívios são jornais....

Mais alimenta os tormentos

C

Os maridos ciumentos

Nessa crise do Corona

Brigam até se enfadar

Com a esposa fogosona.

Que quer amor e carinho

O cabra no seu cantinho

Sem gás pra queimar na dona

D

Vida a dois ficou cafona

Vivendo na capital

O cabra liso inté pensa

Aguar o capinzal

Acelera o coração

Mas liso não tem tesão

E finda passando mal

E

Nem resa, nem arsenal

Penetra no meio dos dois

Pra fazer a paz reinar

No dito feijão com arroz

A casa ficou pequena

Nem oração, nem novena

Promete paz, nem depois...

F

O que meu verso expôs

Foi a vida da cidade

Eu vou embora pro mato

Falo com propriedade

Lá dentro do Xique-Xique

Onde a vida é mais xique

O casal vive a vontade...

G

Cabra vive com saudade

Do bicho da cara preta

Acende o fogo cedinho

Se lambuza na gaveta

Sem farrapar um só dia

Gargalhando de alegria

Sem ter medo de careta

H

Sem uniforme ou maleta

Cedinho vai pro roçado

Em Corona não se pensa

Pra que andar assustado

Volta no final do dia

Com saudade da Maria

Já desejando o danado....

I

Muito cedo tá deitado

O simples não tem segredo

Jantou arroz e feijão

Usa um palito, e o dedo....

Lambe e depois que come....

Se sente que é mais home

Dorme cedo e acorda cedo

J

Os pássaros no arvoredo

Cantando no amanhecer

Faz o matuto acordar

Com vontade de comer

Mas antes da uma voltinha

Lá dentro camarinha

E repete o seu dever....

L

Maria nem quer saber

Se o Corona é frio ou quente...

O seu calor queima mais

E ela feliz se sente

Aprendeu se prevenir

Não vai de casa sair

Pra onde tem muita gente...

M

A vida é mais descente

Lá da cidade pequena

Não para de trabalhar

Pro estresse nem acena

Tem fartura em toda rama

No roçado ou na cama

Se sente em quarentena

N

A fartura entrou em cena

Pras bandas do meu sertão

Eu vou embora pra lá

Antes que chegue o verão

Quando a pandemia passar

Eu volto pro meu lugar

Com muito amor e tesão!!

O

Já tendo satisfação

Animado inté fiquei

Indo embora pra Princesa

Ligeirinho me aprontei

Tudo pronto. Deu errado...

O meu plano foi frustrado

No final eu só pensei!!

Jailton Antas
Enviado por Jailton Antas em 11/04/2020
Reeditado em 11/04/2020
Código do texto: T6913427
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