VOLTANDO AO MEU PÉ-DE-SERRA!!!
Voltei ao meu chão,
No amado sertão,
O lugar que nasci,
Pra ver minha gente,
Vizinho ou parente,
Com quem convivi,
Porém do passado,
Bem vivenciado,
Nada ali tem mais,
Além das quimeras,
Por entre as taperas,
Nesses carrascais.
Aquela moenda
Na velha fazenda
Com seu desempenho,
Aonde o boi manso
Não tinha descanso
Rodando o engenho,
Já foi derrubada
Não resta mais nada
Da sua estrutura,
Que a cana imprensava
E o caldo virava
Boa rapadura.
O grande terreiro,
Mesmo o candeeiro,
Movido com gás,
Cocheiras, cancelas,
Potes e panelas
Ficaram pra trás,
Onde está a tenda,
A capela, a venda,
A casa, o jardim,
Os velhos currais,
Nada ali tem mais,
Tudo levou fim.
A grande umburana,
Frondosa e bacana,
Vizinha ao barreiro,
Que era tão bela,
E ali junto dela,
Tinha um juazeiro,
O tempo maldoso,
Tão impiedoso,
Qual um dragão mudo,
Com sua maldade,
Sem ter piedade,
Deu cabo de tudo.
Hoje os passarinhos,
Não fazem seus ninhos,
Pelas árvores belas,
Que a ganância humana,
Com a sanha tirana,
Deram fim a elas,
A vida selvagem
Naquela paragem
Não existe mais,
Pois no campo vasto,
Só cultivam pasto,
Para os animais.
Fiquei desolado
Ao ver devastado
Meu torrão querido,
Pois se eu soubesse
Evitando o estresse
Lá nem tinha ido,
Meu voto é contrario
Ante esse cenário
Macabro de guerra,
Que causou tristeza
E matou a beleza
Do meu Pé-de-Serra.
Carlos Aires
02/02/2020