ANCORADO NO PORTO DA VELHICE VEJO O BARCO DA SUA MOCIDADE!!!
Eu tentei regressar para o passado
Porém, para o passado não tem volta,
Meu navio navega sem escolta
Nem tem como jamais ser escoltado,
Transportando um fardo tão pesado
Segue lento sem ter mobilidade,
Consultei os anais da minha idade
Nem sequer me assustei quando me disse!
Ancorado no porto da velhice
Vejo o barco da sua mocidade.
Até tento um desvio em minha rota
Mas a rota, afinal não se desvia,
Quando um barco navega em calmaria
Se correr algum risco ninguém nota,
Nem calculo o perigo da derrota,
A vitória, é sem probabilidade,
Não receio o furor da tempestade
Pois a bússola do tempo já predisse!
Ancorado no porto da velhice
Vejo o barco da sua mocidade.
Com meu casco bastante enferrujado
Pondo a mostra as estrias e carquilhas,
Inda tento avançar algumas milhas,
Mas retorno afinal por ter notado
Que estou seriamente avariado,
Prosseguir, já não posso e na verdade,
A procela virá sem piedade,
Cauteloso, o acaso a mim bem-disse,
Ancorado no porto da velhice
Vejo o barco da sua mocidade.
Esse barco ao qual fiz referência
É meu corpo já velho e desgastado,
Com o tanto de milhas navegado
Pelas águas do mar da existência,
Mas trafego em plena consciência
Que o meu prazo perdeu a validade
Sem ter força, vigor nem vaidade,
Leio a frase e não acho que é tolice!
Ancorado no porto da velhice
Vejo o barco da sua mocidade.
Carlos Aires
12/01/2020