Oh! Tempo
As estranhas dessa vida
Ofertam-me o seu colo
Eu me planto nesse solo
Quando estou desprotegida
Nas brenhas tenho guarida
E no espaço eu me deito
Calando um grito no peito
Por ter sido alvejada
Em pedaços fui quebrada
Mas todo o meu ser foi refeito
E no divã desse altar
Abandonada em mim
Guardada por querubins
Sem de nada me lembrar
Lânguida a flutuar
Por furnas misteriosas
Aquecidas e calorosas
Onde o tempo
Me esperou
E comigo até dançou
Uma valsa majestosa
Tempo cheio de esperança
Contou-me estórias
Encantadas
Lindos contos de fadas
E me trouxe tantas lembranças
Meus laços de fitas minhas tranças
Oh! Meu tempo companheiro
Nas asas do vento ligeiro
Me prometeste a eternidade
Porém sabes da verdade
Verás meu minuto derradeiro
Mostrou-me montes e cordilheiras
Mostrou-me pássaros e florestas
As paisagens que em festas
Se exibem todas faceiras
Riachos mares e cachoeiras
Oceanos e suas profundezas
Oh! Tempo quanta beleza
Primaveras de lindas flores
Horizonte de rubras cores
Sobre véus de brancas roseiras
Kainha Brito
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