As dez sextilhas da contradição
Segue aqui nessas pobres sextilhas
labirintos, desvios, becos e trilhas
de algumas das tantas equações
Peano, PI, álgebras, teoremas
disfarçados em pequenos temas
do fogo ardido em questões
Assim como no tempo de antes
os ventos dos campos de Cervantes
ainda podem refrescar toda a visão
Tudo é cíclico, muito do redundante
no sentido que até o que é distante
nunca deixa de ser inspiração
Assim entre milhões de caminhos
os pés podem ser passarinhos
que por lógica sempre passarão
Chegando via céu, via chão, via mar
para a boa poesia de Elomar
para os oito baixo de Gonzagão
Assim se tornam a brisa que grita
ao invés de toda essa gente aflita
que mora na garganta do Dragão
Enquanto longe os velhos moinhos
causam seus eternos redemoinhos
para a chuva cair no sertão
Sao os ventos de todas manhãs
desde que o Mestre Guimarães
as veredas, deu toda a atenção
A mulher do signo de Diadorim
é esquálida, osso puro sem fim
mas é a que luta todo dia pelo pão
Não é vista como a Maria Bonita
mas que assim como ela foi dita
também é de fibra, toda devoção
Longe de ser alguma Dulcinéia
que presa ao romantismo da ideia
é só uma fantasia da paixão
Cada história assim nos traz
o herói, a vitima e o capataz
a realidade, o sonho e a ilusão
Todo conto tem sua conta
A omissão quando apronta
se vê a presa, nunca o vilão
Há sempre algo no escuro
um horizonte atrás do muro
uma boa interrogação...
mas se a pergunta não é feita
a resposta então se deleita
e o déspota ganha a razão
Que importa esse braseiro
se o lucro, o dinheiro
tem foco em outra região?
Então esse fogo caatingueiro
não preocupa o estrangeiro
seja francês ou alemão...
O que precisa ser entendido
que quem de fato é bandido
nem é visto como ladrão...
e assim, por ai está escrito:
muito herói que é o maldito
ora Quixote, ora Lampião...
18-09-2019
00h17min