NOSSA HISTORIA DE CORDEL
NOSSA HISTORIA DE CORDEL
Por Carlos Silva
Olha quanta maravilha
Tem festa na terra e no céu
Tem canto e verso rimado
Na tela ou no papel
Só para homenagear
A cultura popular
E o poeta de cordel
Sendo assim me dê licença
Pois eu vou improvisar
Para deixar revelado
O que tenho pra contar
No verso na poesia
No mote e na cantoria
Esse é o meu expressar
Sou um cabra bem decente
Na trova eu sou doutor
Não corro de um desafio
Porque não sou corredor
Sou assim cabra da peste
Que vivo nesse nordeste
Mostrando que tenho valor
Quem se sentir desafiado
Por favor fique a vontade
Hoje é o dia do cordelista
Do barro ou da cidade
A gente bota pra lascar
O importante é rimar
Com muita capacidade
Desde o século XVIII
Que O Brasil tem poesia
Os portugueses chegaram
Aqui na nossa Bahia
E trouxeram num papel
Chamado então de cordel
Em rimas feita em grafia
A dita literatura
Quando do renascimento
Lá no Seculo XVI
Deu-se seu descobrimento
Narrado por menestrel
Ali surgia o cordel
Pro nosso contentamento
Literatura de cego
Os lusos assim chamaram
Com esse nome então
O cordel eles batizaram
Dom João V criou uma Lei
Isso tudo amigo eu sei
Pois meus dias pesquisaram
Em 1789
Cegos podiam negociar
Esses versos de cordéis
Pra poder lhes sustentar
A LITERATURA DE CEGO
Cresceu tanto e eu não nego
Nela fui me amparar
Misturava-se ao teatro
Ali no meu de gente
E o astro do tablado
Era o grande GIL VICENTE
Que a todos alegrava
Quando ele apresentava
Deixava o povo contente
Era o século XVIII
Estava então introduzida
Essa rica literatura
Patrimônio da nossa vida
Foram surgindo poetas
Com frases ditas e certas
No labor fiel da lida
Desde o século XVIII
Que O Brasil tem poesia
Os portugueses chegaram
Aqui na nossa Bahia
E trouxeram num papel
Chamado então de cordel
rimas feitas em grafia
Assim diz nossa historia
Cravada nesse meu chão
Que o cordel chegou na época
Da tal colonização
Atracando em Salvador
Eu afirmo pro Senhor
Que noutro lugar foi não
Foi assim que o cordel
Por aqui ele aportou
E de uma forma bendita
Logo ele se espalhou
Uma coisa eu lamento
Triste acontecimento
Na Bahia ele não ficou
Leandro Gomes de Barros
Silvino de Pirauá
Francisco das Chagas Batista
Vindos do lado de la
Da outra parte do nordeste
Estes três cabras da peste
Arrastaram pra acolá
Quem terá sido afinal
O Patrono do cordel
Quando por aqui chegou
Fez assim um escarcéu
A quem então atribuir
E os créditos emitir
A um ou outro menestrel?
Quem surgiu aqui primeiro
O cordelista ou o cantador
Afirmo que a cantoria
Teve então o seu primor
De ter sido a primeira
Cultura nossa verdadeira
E teve assim muito valor
Improvisando e cantando
Surgia a cantoria
O Catador e seu repente
Alegrava a freguesia
Despejando seu versado
Nesse seu versar rimado
A todos dando alegria
A Bahia eu lhes afirmo
Assim com muita certeza
Perdeu um grande espaço
Pra Pernambuco e Fortaleza
Recife Natal, Maceió
O cordel cresceu sem dó
Na Paraiba é chama acesa
A Rodoldo Cavalcante
Cuica de Santo Amaro
Outros vates existyiram
Antes deles, é bem raro
Que se tenha registrado
Minelvino foi falado
Um baluarte de preparo
E quem souber outros nomes
Que existiram na Bahia
Acrescente a essa lista
Pra nos dar mais alegria
Pois a poesia de cordel
Tem importante papel
No sertão e na academia
Lampião Padim Ciço
Getulio, João Grilo chicó
Entra Pedro malazarte
Trambiqueiro de da dó
Vem o Cachorro dos mortos
Consertando versos tortos
Desse chão levantar pó
Hoje na Bahia tem
Cordelistas e bons cordeis
Franklim Maxado,Jurivaldo
Zé Walter são menestréis
Kitute e Janete Coelho
Domingos Santeiro é espelho
Dos combatentes nos papeis
Bule bule e Antonio Barreto
Tem Luiz Natividade
Romildo e Luciano
Creusa Meira é de verdade
Uma grande poetisa
JC Borges veste a camisa
E tem muita autoridade
Gabriel Arcanjo é um Mestre
Tem assim boa postura
Sua arte é conhecida
Enriquece nossa cultura
A Bahia já conhece
E em todo estado floresce
A sua xilogravura
Suely Valeriano
É cordelista também
Conta historia e faz graça
E pra somar ela vem
Carlos Silva segue a lista
É cantador e cordelista
Se junta tudo chega a 100
Tem também Carlos Cordel
Das bandas de acolá
Da minha terra querida
Chegue e vem pra cá
Eu não sou fã da mentira
O Cabra é bom é de Itamira
Da minha Serra do Aporá
Em Cipó também tem um
Cabra macho de valor
Que é fã de bule bule
Deste é um admirador
A rima boa é sua meta
Salve o nosso ZEZÉ POETA
O Verdadeiro trovador
Assim eu termino o verso
Com alegria verdadeira
Deixo aqui registrado
O Grande Antonio Vieira
Que fez desta poesia
O orgulho da Bahia
Com um versado de primeira
Obrigado Suassuna
João Cabral de Melo Neto
Patativa do Assaré
Pelo seu versar correto
Da nossa literatura
Esses mostraram bravura
Recebam aqui meu afeto
E por aqui eu me despeço
Agradecendo a cada irmão
Vocês são os estandartes
De toda a rica inspiração
São fortes escrevedores
Cordelistas de valores
Que enriquecem esta nação