A paz vence até no inferno

Alguém contou uma história

Puxando pela memoria

De como foi que aconteceu

Preste atenção meu amigo

Pra ter perdão no castigo

Até o capeta obedeceu

Eu conheci João Libório,

No dia que o purgatório

Tava cheio pra danar

Já tinha gente no inferno

E ele vestido de terno

Queria a fila furar

O capeta maluvido

Por sinal muito atrevido

Quis chamar sua atenção

João deu um grito tão forte

Que do sul até o norte

Quase o inferno vai pro chão

O Todo sujo agoniado

Pensou, pensou, um bocado

E chegou a conclusão

Tu serás o secretário

Pra marcar dia e horário

Pra encher o caldeirão

O Caldeirão era um braseiro

Pra despachar desordeiro

Que foi ruim lá na terra

Quem matou roubou enganou

No mundo todo semeou

Sua ganancia com a guerra

Hitler foi se levantando

E seu bigode ajeitando

De todos chamou atenção

Eu ser Alemão conhecido

Quem é esse atrevido

Que tem o nome de João?

João disse ô SEU Iogurte

Com bigode de Chucrute

Aqui você logo apanha

Pegue o tino e siga a risca

Féla da puta nazista

Natural lá da Alemanha

Nisso o capeta interviu

Disse: João é do Brasil

Sujeito de senso comum

Hitler deu uma rizada

Eles levaram goleada

Lhe demos de sete a um

Vai te lascar arrombado

Bigode abaitolado

Ou te jogo no braseiro

Aqui tu senta no quiabo

Sou pior do que o diabo

Mando no inferno inteiro

Um capitão ouvindo a prosa

Perguntou: E essa rosa

Não fica calada não?

Hitler foi lhe perguntando

Quem é esse que tá berrando?

É VIRGULINO O LAMPIÃO

O Führer foi se mijando

O povo então gargalhando

Começaram a humilhar

Ele desculpas pediu

Dali correndo saiu

Lampião foi argumentar:

João cabra desordeiro

Tu és um grande faroleiro

Pra mim tu és um fracasso

Donde vem essa valentia

Que tu pensas ter valia

Mais forte que o cangaço?

O capeta foi falar

Querendo apaziguar

Lampião gritou te cala

Tu es serpente do mal

Eu te costuro com punhal

Te encho o rabo de bala

Sai daqui acusador

Tu não tem nenhum valor

Quem manda agora sou eu

Se pique e caia fora

Suma daqui e agora

Matador do Cristo meu

Tu já nasceste derrotado

Sai daqui excomungado

Filho da treva e da maldade

Hoje o inferno vai mudar

João que lado você estar?

Do seu lado majestade

Vou tocar fogo no inferno

O Sofrer vai ser eterno

O Diabo vai queimar

Pra abençoar o ofiço

Chame logo Padim Ciçõ

Pamodi a reza começar

E quando o Padim rezava

Alma imunda se queimava

O enxofre logo subia

O inferno foi incendiado

O capeta apavorado

Deixava o trono e corria

Capetaiada apavorado

João Sacudiu um bocado

La pra dentro do Braseiro

Queimando tudo que havia

O inferno derretia

Truvejo foi verdadeiro

João disse, Virgulino

É cabra macho nordestino

Botou o cão pra correr

E este em disparada

De medo deu uma cagada

Fugiu para não morrer

Padim Ciço interviu

E ao Capitão pediu

Ta na hora de acabar

Esqueça essa valentia

Pra não viver na agonia

De querer sempre matar

Lampião foi lhe pedindo

Só estou me redimindo

Pra diminuir o pecado

A Cristo quero me entregar

Pois há muito quero parar

De ser na vida um condenado

João Libório foi bradando

O povo todo gritando

Do inferno se ouviu no céu

Viva o nosso capitão

O Famoso Lampião

Em mais uma obra de cordel

Carlos Silva foi escrevendo

E logo estava vendendo

Nas feiras um cordel novo

Falando de Lampião

E de Padim Ciço Romão

Que tá na boca do povo

No ano 2019

Pesquise a data e comprove

Mataram o Capitão

Não foi em luta travada

Foi uma suja emboscada

Lhe fuzilaram á traição

Ainda vão se falar

Até o mundo se acabar

Na saga de Virgulino

Um capitão sem Patente

Sendo bandido e valente

É um herói nordestino.

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 11/07/2019
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