MAS, QUEM SABE ISSO O QUE É,/ É O QUE NASCEU NO SERTÃO!!!
Cangalha, canga, cangote,
Alguidar, cocho, gamela,
Rabicho, lapo, fivela,
Rabichola, cabeçote,
Quartinha, cumbuca, pote,
Corda de couro, cambão,
A cilha, a chincha, o cilhão,
Cabaça, cuia e cuité,
Mas, quem sabe isso o que é,
É o que nasceu no sertão.
Pereba, impingem, frieira,
Unheiro, bucho quebrado,
Tosse braba, empanzinado,
Pé desmentido, papeira,
Curador e benzedeira
Enfado, amofinação,
Bicheira, berne, pulgão,
Maruim bicho de pé,
Mas, quem sabe isso o que é,
É o que nasceu no sertão.
Macambira, caroá,
Mela-bode jitirana,
Camaleão ou iguana,
Formigão e embuá
Peba, punaré, preá,
Catita, timbu, furão,
Arapuca e alçapão,
Fojo quixó e mondé,
Mas, quem sabe isso o que é,
É o que nasceu no sertão.
O mata-burro, a porteira,
Corredor e passadiço,
Maribondo, inchu, cortiço,
Soca-soca baladeira,
Mamona ou carrapateira,
A urtiga, o cansanção,
De São Caetano o melão,
Imbu, coco catolé,
Mas, quem sabe isso o que é,
É o que nasceu no sertão.
Um xerém de panelada
Um bom cuscuz de moinho
Com o leite bem quentinho
Da velha vaca malhada,
Uma galinha guisada,
Pra misturar com feijão
De mocotó um pirão,
Um bom beiju com café,
Mas, quem sabe isso o que é,
É o que nasceu no sertão.
A linda Serra a expor
Seu branco véu de neblina!
Um cenário que alucina
É o crepúsculo ao sol de por!
O homem do interior
Põe o joelho no chão,
Agradece em oração
E Deus pela sua fé,
Mas, quem sabe isso o que é,
É o que nasceu no sertão.
E quando a lua aparece
Estando na fase cheia,
Toda baixada prateia,
E a bela cena apetece!
A passarada adormece
Mas, a mãe-da-lua não,
Entram também em ação
A coruja e o caburé,
Mas, quem sabe isso o que é,
É o que nasceu no sertão.
A formigada se assanha
Saindo do formigueiro,
Nas ramas do marmeleiro
Faz sua teia a aranha,
O campesino acompanha
As cenas com atenção
Da singela habitação
Num casebre de sapé,
Mas, quem sabe isso o que é,
É o que nasceu no sertão.
Carlos Aires
09/06/2019