Galope à Beira do Mar
O Poeta e amigo Jota Garcia mostrou-me um time de onze meninos e meninas cantando repente num espaço cultural lá no Rio Grande do Norte e brincando disse-me: “Cuida-te Mozá, aqui também tem muita semente de poesia pra brotar.” E tem mesmo, só que eu topei a brincadeira e fiz esse Galope à Beira do Mar, que era o estilo exibido pela meninada.
Galope na Beira do Mar
Eu fui desafiado por Joaquim Garcia,
A debulhar cordel frente a sua garotada,
A ferrenha disputa estava encarniçada,
Sem ninguém demonstrar gagueira na porfia
Eu não sou de correr “pro mode” ventania,
Em certa ocasião, pulei do sétimo andar,
Salvando a moça para com ela casar,
Depois me mudei para as terras de Sergipe,
Para tomar cachaça no pé do alambique
E sigo galopando na beira do mar
Eu armengo poesias em Alexandrino,
Confiando na tarimba do velho gogó,
Andei da Borborema ao seco Seridó,
Com Gonzagão cantando seu “baião granfino,”
Não me importo em cantar com homem ou menino,
Se você sonha, posso também eu sonhar,
Se você rima, posso melhor eu rimar,
Na língua que você cantar, cantar eu quero,
Seja na de Camões, Virgílio ou Homero,
Nos dez pés de galope na beira do mar.
Posso cantar em álgebra ou Geometria,
No som do sabiá ou do corrupião,
Fui criado com leite, cuscuz e feijão,
Para poder cantar com bastante energia,
Seja na Matemática ou Filosofia,
Donde eu sair duvido que outro possa entrar,
Se você chora eu rio e até posso cantar,
Seja no litoral ou confim do sertão,
Mas é no Piauí que está meu coração,
Galopando em xaxado na beira do mar.
Sei que a meninada é muito boa e valente,
Que está bem dirigida no seu proceder,
Esta bela cultura não pode morrer,
Inúmeros galopes virão pela frente,
Na beleza de voz desses pingos de gente,
Tendo bastante lenha pra mente queimar,
Mas não pise em meus calos venha devagar,
Versos quebrados não são minha vocação
Sei transformar um toco de pau em pilão,
Nos dez pés de galope na beira do mar.
Aracaju Sergipe, 15/ 05/ 2019