As seis sextilhas de galope à beira mar
Eu que não cheguei aqui de qualquer jeito
pois eu vim recheado dum canto no peito
sonorizando de modo muito que peculiar
Gritando os meus acertos e meus defeitos
agora, assim mesmo, dando meus efeitos
p’ra minha maneira de galope à beira mar
Eu digo muito de mim e de tudo o que vejo
Eu percebo sobre o que é carência, desejo
das coisas que estão ai, espalhadas pelo ar
Das coisas tantas que pecaminosas ou não
fazem parte do que eu guardo em canção
e transbordo como um galope à beira mar
Eu quero somente alcançar o que se pode
sem veneno de serpente ou baba de bode
pois só quero é não me deixar de explicar
Se eu muito falo, mas ninguém me escuta
talvez minhas palavras não sejam astutas
mas assim que é, meu galope à beira mar
Essas musicalidades que adentro no grito
e olha, são tantas coisas, um vasto infinito
frevos vindos em asas dançarinas de sabiá
E são tantos blues, fados, tangos e baiões
flamencos sangrando em meus arranhões
que escapam com’um galope à beira mar
Gritos sobre a natureza e a nossa cultura
Sobre o ser humano, ser essa tal criatura
que constrói destruindo, por onde passar
Gritos, que como já disse, tantas as vezes
vingam por minutos, horas, dias e meses
num tempo de voo de galope à beira mar
Por fim, sem um pingo de medo, lhe digo
não aceito a vida como um imenso perigo
priorizo o conceito que há para se mudar
eu que não cheguei aqui de qualquer jeito
pois eu vim recheado dum canto no peito
amor perfeito em um galope à beira mar
01-03-2019
14h12min
(Murillo diMattos)
Para meu avô, José Benvindo.