SAUDADE DA MENINICE!!!
Hoje senti com meiguice
Saudade da meninice
Vivida no meu outrora,
A alma se revigora
Ao lembrar-se de um passado
Por mim bem vivenciado
E está tão distante agora.
Relembrei da moradia
E me enchi de nostalgia,
Rememorando o oitão,
Onde eu jogava pião
Com uma ponteira preta,
E brincava de carrapeta
Ao lado do meu irmão.
Revi de novo o barreiro,
E o lume do candeeiro,
Na noite opaca e sem graça,
Com caracóis de fumaça
De forma abundante e densa
Não nos causava doença
Mas, fazia uma ameaça.
Lembrei os banhos de cuia,
Dos galhos da aleluia,
Com as flores bem amarelas,
Das faveleiras singelas
Com seus espinhos enormes
Agudos, desuniformes,
Ninguém mexia com elas.
Lá na beira do riacho
Tirar pitombas do cacho,
Além de manga e mamão,
Cajá, ingá e melão,
Coco catolé, caju,
E o mais saboroso umbu
Que se colhia com a mão.
Relembro os velhos currais
Que prendia os animais,
E acomodava a boiada,
De quando de madrugada
O meu pai se levantava
E pra lá se encaminhava
Para ordenhar a vacada.
E quando nas manhãzinhas
Para soltar as galinhas,
Mamãe ia pra o chiqueiro,
Abria a porta ligeiro
E sem que houvesse empecilho
Pegava a cuia de milho
E espalhava no terreiro.
A galinhada avançava
Pra o milho que mãe jogava
Numa enorme confusão,
Naquela rebelião
Era grande o alvoroço!
E a mistura para o almoço
Era a carne de um capão.
E na velha baraúna
Onde cantava a craúna
Eu me lembro muito bem,
Que pousava ali também
O xexéu, o azulão,
A rolinha e o cancão
A patativa e o vem-vem.
A criancice vivida
No verdor da minha vida
Em meio aos carrascais,
Pra mim foi boa demais,
Naquele meu Pé-de-Serra!
Da infância na minha terra,
Não esquecerei jamais.
Carlos Aires
12/02/2019