O CARRO DE BOIS E EU!!!
Oh! Carro de bois querido
Ora estás envelhecido
Assim como eu também,
O tempo não nos deu tréguas
E a juventude hoje as léguas
Longe de nós se mantém.
No outrora triunfante
Que era novo e elegante,
Tinha a vida corriqueira,
Agora nesses confins
Abandonado, e os cupins,
Devoram tua madeira.
Eu também fui vitimado
Por esse tempo malvado,
Que aos poucos tudo devora!
Carregou minha saúde,
E a garbosa juventude
Roubou-me e levou embora.
Foi tão belo o teu passado
Quando vivia atrelado,
A canga, com os bois mansos,
Desde a madrugada fria
Até no final do dia
Sem que te dessem descansos.
E eu também muito cedo
Levantava-me sem medo
De enfrentar qualquer labor
Dos quais já estou afastado,
Hoje o marasmo e o enfado,
Promovem mágoa e langor.
O teu canto ressonante
Que mesmo estando distante,
Nitidamente se ouvia
Calou-se não se ouve mais
E os silêncios sepulcrais
Fazem parte dos teus dias.
E eu também na verdade
Troquei a fugacidade,
Por lentidão e lerdeza,
E as rugas da minha face
Causaram o desenlace,
No meu padrão de beleza.
Perdemos nossos esquemas
Agora somos problemas
Não sei o que aconteceu!
Foram-se os tempos de glória
Ficou somente a história
Do carro de bois e eu.
Carlos Aires
06/02/2019