REMEMORAÇÕES DA INFÂNCIA!!!

Eternas reminiscências

Do tempo da criancice,

Traz de volta as evidências

A ternura e a meiguice,

Daquele mundo de sonhos

Onde momentos risonhos

Vividos nos dias meus

Demonstravam a grandeza

Dos quadros da natureza

Pintados com as mãos de Deus.

A bela serra imponente

Exibia com candura,

O trecho mais envolvente

Do painel dessa pintura,

Com suas rochas gigantes

As encostas elegantes

Com excesso de beleza

Mostrava que o Criador,

Rabiscava com primor

Sua tela, com certeza.

Recordo dos pormenores!

Cada vale, cada monte,

E ali pelos arredores

Regato, cascata, fonte,

O riacho, os matagais,

Que hoje já não são mais,

Como eram no passado

A fúria da tirania

Desmanchou por ironia

Esse quadro inusitado.

O sol quente e causticante

Predominava no estio,

Na invernada refrescante

Quem imperava era o frio.

O canto dos passarinhos

Que solfejavam dos ninhos

Seus mais belos madrigais,

O canário e as juritis,

E até mesmo os bem-te-vis

Por lá já não cantam mais.

Lembro as tardes fervorosas

Vividas na minha terra,

Dos gritos em polvorosas

Que ecoavam pela serra,

Naquela animada farra

Eu fazia essa algazarra

Com o instinto intuitivo,

Pra desfrutar das façanhas

De ouvir por entre as montanhas

Esses sons repetitivos.

Recordo as noites sombrias

No denso breu dos negrumes,

Avistar nas pradarias

Centenas de vaga-lumes

Com as luzes em pisca-pisca,

Jogando aquela faísca

Nos ramos dos matagais,

Hoje lembro com ternura

O meu viver de ventura

Que não voltará jamais.

Lembro as manhãs embaçadas

Pelas espessas neblinas,

Cobrindo as vastas baixadas

Como também as colinas,

Espalhando a correnteza

O ribeirão na devesa.

E da estrela papa-ceia,

A prata cobrindo a terra

Naquele meu Pé-de-Serra

Em noites de lua cheia.

Passei minha puerícia

Vivendo em tranquilidade,

Sem sequer saber notícia

Dos rumores da cidade,

Na vida tranquila e calma

Garantindo a paz na alma

Já que o clima bem condiz,

Com a terna felicidade!

Na minha infantilidade,

Fui feliz, muito feliz!

Carlos Aires

09/01/2019