A FLORZINHA DO BOSQUE!!!
A flor singela e pequena
Num galhinho balançante,
Roubava no bosque a cena
Com seu perfume odorante.
Entre as flores bem mais belas
Formosas, superiores,
A florzinha sem sequelas,
Destacava-se em primores.
Mesmo sem ostentar brilho
Sem exageros na cor,
Não encontrava empecilho
Ao exalar seu olor.
Causando inveja a orquídea,
Ao jasmim a açucena,
Qual a pertinaz insídia
Que a o inocente condena.
As violetas, as rosas,
Ostentavam seus matizes,
Tonalizadas, mimosas,
Mas, não estavam felizes.
Porque a flor pequenina
Com os seus frágeis perfis,
Continha a poção divina
Que atraía os colibris.
O lírio, a Hortência, o Cravo,
A bromélia, a margarida,
Insultavam com agravo
A tal florzinha “atrevida”.
A flor do ipê, elegante,
Cumpria bem seu papel,
Mas o cheiro inebriante
Vinha da flor do vergel.
Os insetos voadores
Como a abelha e o besouro,
Rejeitavam outras flores
Nela, encontrava um tesouro.
E assim a flor franzina
Sem saber que incomodava,
Seguia a sua rotina
No vale em que se abrigava.
Sem querer ser mais que alguém
Na maior simplicidade,
Só soube fazer o bem
Com modéstia e humildade.
Com candura e singeleza
A flor cumpria a missão,
Em paz com a natureza
Sem cobiça ou ambição.
Com tanta simplicidade
Em todos os gestos seus
Demonstrou a igualdade
Ante as criações de Deus.
Deus não ama as criaturas
Pelos padrões de beleza,
Mas, sim pelas obras puras,
Que praticam, com certeza.
A flor com o seu perfume
Sem ostentar vaidade
Não propaga e nem assume
A sua sublimidade.
Provou pras flores rivais
Que mesmo ela estando aquém,
Na beleza entre as demais
Não foi menor que ninguém.
Carlos Aires
13/12/2018