Que Se Dane o Mundo
Pode faltar no mundo o que quiser,
Carroça, jegue, trem, motocicleta,
Canoagem, basquete, falte atleta,
Palito japonês, garfo, colher,
Pode acabar tudo isso e recolher,
Que pra mim nada disso fará falta,
Minha autoestima sempre estará alta,
Mas que sobre torresmo e rapadura,
Farinha na coité, manga madura,
Doce de buriti, forró, mulher.
Pode acabar o mundo e o cão cotó,
Que se desmanche em bombas ou trovão,
Não falte caipirinha com limão,
Que não sou de ficar com rococó,
Saci se vira numa perna só,
Dispenso o Guarujá e o tríplex,
Falte caderno, lápis, durex,
Mas abunde cuscuz, ovo, cerveja,
Mel, garapa de cana na bandeja,
Mulher bonita pra dançar forró.
Sei que o mundo foi feito pra quem pode,
Nem todo prato pode ter filé,
Sem ônibus, sei andar a pé,
Que me levem a barba e o bigode,
Quem pode, pode; então que se acomode,
Que se lasque o metrô, falte energia,
Não estou em ai, sobre poesia,
Haja sempre boa prosa e buchada,
Macaxeira, pirão e panelada,
Sobre beijo, beiju, carne de bode.
A terra teve origem na explosão,
Num tal Big Bem ou coisa igual,
Nasceu o Brasil do Monte Pascoal,
Mas isso não me avexa o coração,
Não me lixo se foi de pé ou mão,
A bronca que anulou aquele gol.
Pode acabar com o blues e rock n roll,
Mas tenha água de coco, arroz capote,
Paçoca e um bom fungado no cangote
Da mulher a dançar xote e baião.
Aracaju-Sergipe, 07/ 12/ 2018