Saudade é coisa matadeira

Sentei num cepo de saudade, viajei na oreia do vento, bebi uma gota de orvalho pra molhar meu pensamento, que vive grudado nela, feito mourão na cancela, batendo a todo o momento.

Beijei a fulor da saudade, mergulhei num poço fundo, fui e voltei em mil léguas, em meio de um segundo, foi o tempo de pensar nela, na minha doce donzela, de amor sagrado e profundo.

Lembrar do beijo afastado é derramar no coração, a lagrima que escorre em gotas banhando a minha emoção, de querer tá junto dela, feito pavio cera e a vela que só se desgruda no apagão.

Rememorei minha vida, tentando espantar a saudade, mas toda vez que eu respirava sentia a necessidade, de respirar juntinho dela, porque a minha costela faz parte da sua metade.

Para dizer em cordel o amor que sinto no peito, procure no meu sentir, e não achará defeito, pois toda vez que eu penso nela, feito beato em capela, sou fiel de qualquer jeito.

Na rima crua e distinta deixo aqui meu recado, em versos brandos com jeito, bastante metrificado, para guardar na lembrança, um facho de esperança conforme trago guardado.

Sou dos beiços desse sertão, do oco da catingueira, que tem a sina da luta e a coragem por herdeira, pois quem ama é bicho bruto, e no coração de um matuto saudade é coisa traiçoeira.

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 28/11/2018
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