NAS RUÍNAS DA CASA EM QUE NASCI ESCREVI MEU POEMA DE SAUDADE!

No transporte do tempo eu embarquei

Flutuando tal qual um passarinho,

No intuito de ver de novo o ninho

Velho rancho aonde eu me criei

No momento em que desembarquei

Dessa nave quimérica na verdade

Encarei a cruel realidade

Pois do outrora não tinha nada ali

Nas ruínas da casa em que nasci

Escrevi meu poema de saudade!

Esse ato afetou meu pensamento

Remexendo os arquivos da memória,

Pra tentar resgatar a bela história

Do local que se deu meu nascimento,

Que hoje está demolido em cem por cento

E esse quadro de tal ferocidade

Mostra a fúria cruel da tempestade

Ante a cena macabra que assisti,

Nas ruínas da casa em que nasci

Escrevi meu poema de saudade!

Onde antes foi bela moradia

Hoje restam destroços e entulhos,

Mato seco, cascalho, pedregulhos,

É quem ora lhe fazem companhia,

Diferente de quando aqui vivia

No verdor infantil, na tenra idade,

Desfrutei a maior felicidade

E esse bem valoroso eu já perdi,

Nas ruínas da casa em que nasci

Escrevi meu poema de saudade!

Recordei com langor cada momento

Onde outrora tracei meus ideais,

Os bons anos vividos com meus pais

Nessa casa foi só contentamento,

Na tapera a angústia e o lamento

Por não mais existir essa beldade

Mesmo imerso na infelicidade

Rabisquei no papel e foi aqui

Nas ruínas da casa em que nasci

Que escrevi meu poema de saudade!

Carlos Aires

16/11/2018