Sou Filha da Terra e do Mata.
A este mundo então cheguei
Com amor fui esperada
Pelos meus fui muito amada
Mas como todos chorei
O ambiente eu estranhei
Mas logo tudo mudou
E tudo em mim se acalmou
Visto que me deram guarida
Começava ali a vida
E minha alma se alegrou
E fui na mata crescendo
Dando meus passos primeiros
Bricando pelos canteiros
Vendo os campos florescendo
Frutas no pé fui comendo
E por entre os matagais
Os cânticos magistrais
Dos bichinhos da floresta
Fazendo uma linda festa
Em sons puros divinais
Por vales fragas e colinas
Pés descalcos sobre o chão
Nas entranhas do sertão
Corre alegre uma menina
Banha em aguas Cristalinas
Por entre flores e frutos
Guardada nesse reduto
Feito de agua mata e flor
Num mundo multicor
Natural e absoluto
Pelas aguas transparentes
Nadei enquanto crescia
Envolta em tanta magia
Pelas fontes das nascentes
Ja era uma adolescente
E filha da natureza
Vivendo nessa riqueza
Nsse meu mundo encantado
De luar, o chão bordado
Mundo vestido de beleza
E tudo veio passando
Vento forte e poeira
Rodopio na ladeira
Açude e roupas quarando
As mulheres mergulhando
E no terreiro as cantigas
E na roda a Margarida
Os seus versos recitando
Amo o meu solo sagrado
Entre as raizes me planto
Visto-me de verde manto
Meu corpo é chão amanhado
Terreno fértil orvalhado
Sorvendo o sumo da terra
Onde a balbúrdia se encerra
Nas sombras dos arvoredos
Eu vou tecendo os enredos
Do vale ao topo da serra
Kainha Brito
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