Aquela Dia de Finados

Pelas ruas, um caminhar reflexivo

Tarde de novembro, dia de finados

Num rito, merencório e socinado

Luz de velas, túmulos coloridos

Uns, com o coração comparecidos

Numa tarde, soturna e chorosa

A cigarra canta, triste e saudosa

Enternecendo mais, o ambiente

Vestindo de saudade o sol poente

Terna tarde, inesquecível e lutuosa.

 

Pela necrópole, em meio à natureza

Pequenas tochas, de fogo reluzindo

Velas acesas, em chamas esparzindo

Pelo cemitério, reflexão e beleza

E a tarde pois, vestiu-se de tristeza

E enquanto eu, assistia de um canto

Ela vestiu-me, com seu rubro manto,

Deixando-me, saudosa e enternecida,

Perscrutando, os segredos dessa vida

Por esse frio universo, em desencanto

 

E o canto da cigarra, ainda entoava

Além das entranhas, do entardecer

Trazendo aos vivos, um enternecer,

O sol poente modesto, matizava

Os túmulos que ali, se enfileiravam

Em meio à flores e cantos angelicais, 

Pelo universo sepulcral, eu viajei

E nessa tarde, eu também chorei

Sobre o túmulo frio, dos meus pais 

 

Com emanação, de reminiscências

Daqueles, que ali foram tumulados

Findou-se, mais um dia de finados

Visitantes saíram, numa só cadência

Refletindo, sobre a própria existência

E minha alma encheu-se, de nostalgia

Teve fim, essa tarde sombria

O cheiro, daquelas velas queimando

Como incensos, aos mortos enviando

O aroma de flores e poesia

 

Kainha Brito

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Kainha Brito
Enviado por Kainha Brito em 11/05/2018
Reeditado em 02/11/2024
Código do texto: T6333182
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