UM ALERTA DA MÃE NATUREZA!!!
Homem! Eu sou a natureza!
Que costumas depredar,
Destrói a minha beleza
Polui a água e o ar,
Incendeia minhas matas,
Não zela minhas cascatas
Meus rios, meus litorais,
Eu temo que no futuro
Não ti sentirás seguro,
Terás tempos cruciais.
A ambição ti embriaga
A ganância ti domina,
Tua consciência é vaga
Tua tendência é malina,
Porém a tua imprudência
E a falta de consciência
Só ti encaminham pra o mal
Vives fugindo da norma
E agindo assim dessa forma
Terás um triste final.
Tu vives antecipando
A cada dia o meu fim
Será que não estás lembrando,
De que dependes de mim?
Pois desde a concepção
E durante a gestação
Não ti deixei um segundo!
Na hora determinada
Assisti tua chegada
Do ventre para esse mundo.
O teu primeiro suspiro
Foi com o ar que me pertence
Desde essa hora ti inspiro
Pra que reflita e que pense
Que Deus, nosso criador,
Concedeu-te esse primor
O milagre do viver!
Pra que pudesses servir
A Ele! E assim garantir
Ao seu dispor mais um ser.
Eu em forma de madeira
Transformada num berçinho
Dei abrigo a vez primeira
Ao teu pequeno corpinho,
E quando tua mãe veio
Trazendo dentro do seio
O doce leite materno
Que ti serviu de alimento
Eu estava nesse momento
Dando o apoio fraterno.
Teus pais contaram comigo
Pra ti carregar nos braços
Também estive contigo
Ao dar teus primeiros passos
Vi teu primeiro sorriso
Ofertei-te o paraíso
Pra que seguisses em frente
E tu mal-agradecido!
Em troca tem me agredido
Assim descaradamente?
Deus deu-te o raciocínio,
O saber, a inteligência,
Além do total domínio
Para agir com competência,
Eu adentrei nesse clima
Gerando matéria prima
Para as tuas criações
Encaminhei-te pra o bem
Mas tu homem! Foste além,
Causando decepções.
Até causa-me tristeza
Esses desvarios teus
Pensas que a tua grandeza
É maior que a de Deus?
Pois estás muito enganado!
O fato de Ele ter dado
A noção de perceber
E de raciocinar,
Jamais irás alcançar
Os Seus níveis de poder.
Mesmo que a sabedoria
Seja em ti farta e abundante,
Em prática e em teoria
De Deus estarás distante
Pois Ele criou os ares,
Os lagos, rios e mares,
A terra, o sol, o infinito,
As planícies, as montanhas,
Mostrando nessas façanhas
O seu poder é irrestrito.
E num momento divino
Criou o nosso planeta!
O canídeo e o felino
A formiga, a borboleta,
Carcará e urubu,
Cobra, raposa, teiú,
Gambá e camaleão,
Deus com seu poder profundo
Tudo que existe no mundo
Passou pela Sua mão.
Eu, sendo a mãe Natureza,
Sou a consorte de Deus
Tu contaste com a grandeza
De ser um dos filhos meus
A ti foi dado o direito
Pra concluir qualquer feito,
Que porventura inventar
Para o bem da humanidade,
Mas, não ti dei liberdade,
Pra destruir, depredar.
Teus atos inconsequentes
Irão ti comprometer
Pois, se plantas más sementes,
Maus frutos irás colher
Tu tens o dom da ciência
Dei-te farta inteligência
Para evolução da terra
E tu, oh! Homem malvado,
Com o instinto malfadado
Prefere o crime e a guerra.
Para a tua agricultura
Propiciei fértil solo
E assim obter fartura
Nas entranhas do meu colo
Dei um clima diferente
Pra germinar a semente
E em todas as regiões
Proliferarem sadias,
Tu criaste as transgenias
Para causar mutações.
Entreguei-te a terra pronta
Pra toda e qualquer cultura
Tu, só pra fazer afronta,
Mudastes toda estrutura
Que existia no terreno,
Botas-te adubo, veneno,
Pra me fazer desafio
Esse mau procedimento
Atingiu em cem por cento
As águas limpas do rio.
Tu, humano, és tão cruel,
Com quem só ti faz o bem!
Eu cumpro bem meu papel
Porém o teu, fica aquém,
Mesmo não me sendo grato
Não ti renego, e de fato,
Estarei até o fim
Dos teus dias ti ajudando
Insistindo e relutando
Pra que não sejas ruim.
Mesmo que tu não mereças
Essa minha gentileza
Peço que jamais esqueças
Da tua mãe Natureza
Que sempre foi paciente
E nunca se fez ausente
E pra que sirva de prova
Quando Deus ti arrebatar
Meu solo irá abrigar
Teu corpo inerte na cova.
Carlos Aires
16/04/2018