JAMAIS PRENDA UM PASSARINHO!!!
Passarinhos não surgiram
Pra viver atrás da grade,
Pois tais seres eclodiram
Pra gozar da liberdade,
Pra construir os seus ninhos
Procriar os seus filhinhos
Ao lado da sua amada,
Dando sonoros gorjeios
Certo que naqueles meios
Nunca irá lhe faltar nada.
Porém a ganância humana
Por cobiça ou ambição,
Com a malícia tirana
Inventou o alçapão,
Espalhou pela floresta
Aonde as aves em festa
Sem ideia do perigo,
Caiam nessa emboscada
Ficando aprisionada
No mais terrível castigo.
Tendo que deixar a flora
Aonde era gabarola,
Pra ter que viver agora
Numa pequena gaiola,
E o pobrezinho inocente
Que era feliz e contente
No seio da natureza
Vai subsistir calado
Solitário e desolado
Afogado na tristeza.
Quem antes sobrevoava
Bem feliz pela campina
Nem sequer imaginava
Que a gaiola pequenina
Na qual está confinado
Transformaria um passado
Que foi libreto e seguro,
Sem chances para evasivas
E sem ter perspectivas
Nenhuma para o futuro.
Pra quem vivia na mata
No mais sublime esplendor
Ouvindo o som da cascata
Sentindo o cheiro da flor
Olhando a floresta linda
Quando a madrugada ainda
Preparava o arrebol
Antes do quebrar da barra
A passarinhada em farra
Saudava o nascer do sol.
Ele ali naquele meio
Foi um pássaro feliz!
Hoje só mágoa e anseio
Com o seu viver condiz,
Seu canto não mais aflora
E nem no romper d’aurora
Sente mais felicidade,
E nesse eterno vazio
Se acaso ele solta um pio
É de langor e saudade.
Roga em uma petição
Ao que cativa animais,
Abrande o seu coração
Não faça isso jamais,
A ave aprisionada
Deixou a mata calada
Quando dali foi embora,
O seu mau ato reveja
Se, é de molestar proteja,
Nossa fauna e nossa flora.
Carlos Aires
29/01/2018