*To colhendo no presente,o que plantei no passado*
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&Carlos Silva
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A vida passou ligeiro
E eu pouco aproveitei
Nos caminhos onde andei
O atalho chegou primeiro
Me perdi o tempo inteiro
Caminhando um bocado
Entre o certo e o errado
Não parei segui em frente
To colhendo no presente
O que plantei no passado.
Não dei ouvido ao destino
Eu mesmo busquei meu rumo
Confesso perdi o prumo
Agindo feito um menino
Tive como desatino
Os prazeres do meu lado
Confiando um bocado
Em amizade transparente
To colhendo no presente
O que plantei no passado
Não dei ouvido a ninguém
Meti os peitos no mundo
Por vezes fui vagabundo
Mas nunca feri alguém
O meu alento porém
E aqui deixo grafado
Pois o meu maior legado
Foi viver itensamente
To colhendo no presente
O que plantei no passado
Fui muito raparigueiro
Dormi em muitos bordéis
Tive mulheres a graneis
Cheguei ser chefe de puteiro
Não dei valor ao dinheiro
Pra na viver preocupado
Porque ganância é pecado
E muito destroe um vivente
To colhendo no presente
O que plantei no passado
Por muitas vezes fui preso
Desacatando autoridade
Paguei caro de verdade
Por nunca ter sido coeso
Meu verbo sempre foi teso
Me enganei um bocado
Por viver desaprumado
Pensei que era inteligente
To colhendo no presente
O que plantei no passado
Nunca entrei numa igreja
Nem me deram hóstia sagrada
De reza eu não sei nada
Troquei vinho por cerveja
Quem o fracasso almeja
Não luta fica deitado
Sonhando sempre acordado
Enriquecer de repente
To colhendo no presente
O que plantei no passado
Festa e raparigagem
Cachaça e putaria
Eu me joguei na orgia
Cultivando a sacanagem
Eu fiz muita vadiagem
É muito grande meu pecado
Acho que to condenado
Morar num inferno bem quente
To colhendo no presente
O que plantei no passado
Fiz conchavo com político
Comprei um monte de voto
Tive meu rosto na foto
Exibi meu riso crítico
Um cúmplice tão analítico
Seguindo meu Deputado
Puxando saco um bocado
Enganei foi muita gente
To colhendo no presente
O que plantei no passado
Mas o tempo foi passando
Resolvi tomar juizo
Pra não ter mais prejuizo
Fui então me
Equlibrando
A idade foi chegando
Eu velho triste cansado
Sem ter ninguém do meu lado
Sem parente nem aderente
To colhendo no presente
O que plantei no passado
Acho que chegou a hora
De deixar a triste vida
Eu cumpri a minha lida
E vou morrer sem demora
Sem prazeres de outrora
Sem amigo sem amor e sem bom grado
La se vai mais cabra espatifado
Que viveu de forma tão negligente
To colhendo no presente
O que plantei no passado
Assim em breve vou findar
O meu viver esquisito
E pra acabar tenho dito
Errei tentando acertar
A ninguém eu vou culpar
E nem me sinto tão culpado
Sei que já To condenado
De costa de lado e de frente
To colhendo no presente
O que plantei no passado.
Fim...