A MORTE DA BARAÚNA!!!
A baraúna gigante
Sombreava grande área,
Com o seu porte elegante
Bem mais que bicentenária,
A sua copa frondosa
Balançava fervorosa
Ao sabor da ventania,
Os galhos cheios de ninhos
Onde vários passarinhos
Cantavam com alegria.
A sombra que projetava
Era densa e arejada,
Aonde ali descansava
Ao meio dia a boiada,
E com seu jeitinho manso
Vinham procurar descanso
A perdiz e a sururina,
Era rancho pra os cupins,
E dezenas de saguins
Vinham pra comer resina.
Também vinham desfrutar
Da tua sombra, as ovelhas,
Tinha espaço pra morar,
Lagartixas e abelhas,
Camaleões e timbus,
Carcarás e urubus,
Em ti buscavam guarida,
Enfim nesse teu regaço
Para todos tinha espaço
E refrigério pra vida.
O teu tronco bem dotado
Enorme, espetacular,
Quatro homens lado a lado
Não conseguia abarcar,
E quem por ali passava,
Parava e observava
Toda tua formosura,
E aquela aparência forte,
Admirava teu porte,
Além da tua espessura.
E com orgulho exibia
Teu talhe de majestade,
Enfrentava ventania,
Trovoada, tempestade,
Podia ser tarde ou cedo!
Nada te fazia medo,
Pois não havia deslizes
Por estar estruturada,
Numa base bem formada
Com centenas de raízes.
Essa tua fortaleza
Parecia inabalável,
Porém estava indefesa,
Ante ao homem miserável,
Que sem ter observado,
Teu valioso passado,
Com um machado na mão,
E só por pura maldade,
Sem ter dó nem piedade
Estendeu-te sobre o chão.
Com a cena inesperada,
Onde a maldade persiste,
Vê-la no solo deitada,
É lamentável, é triste,
Pois o humano inimigo,
Aplicou-te esse castigo,
Ao invés de dar suporte,
Carinho, amor e afeto,
Sentenciou em decreto
A tua pena de morte.
Com aquelas machadadas
De um ser cruel e malvado,
Ficaram eliminadas
Tuas glórias, teu passado,
E esse cruel castigo
Colocou em desabrigo,
Passarinhos e animais,
Hoje contei tua história,
Porque em minha memória
Não se apagará jamais.
Carlos Aires