A ESPERANÇA NAS CRIANÇAS!!!

Ser criança sem infância

Pra mim foi realidade

Pois desde muito pequeno

Que a educabilidade

Ao garoto era aplicada

E a lição mais ensinada

Era ter dignidade.

Eu com seis anos de idade

Não pegava no pesado

Nem trabalhava de enxada

Nas lavouras do roçado

Porém durante a semana

Servia de cerca humana

No pastoreio do gado.

Não fui escolarizado

Como deveria ser

Porque quem nasce na roça

Não depende do querer

Já que a escola era rara

Tinha que meter a cara

Pra’lguma coisa aprender.

Os pais sentiam prazer

Em ensinar aos seus filhos

Que é com honestidade

Que se adquirem brilhos

E é através do trabalho

Que se encontra o atalho

Pra por a vida nos trilhos.

E não causava empecilhos

Toda aquela rigidez

Pois o rigor evitava

Que errasse a primeira vez

Pra não ficar viciado,

Porém hoje isso é chamado

De burrice e estupidez.

Imagino que talvez

A educação de outrora

Mesmo sendo rigorosa

E considerada caipora

Por fazer muita cobrança

Mas, educava a criança,

Melhor do que educa agora.

A cada dia piora

Esse novo aprendizado

Pois se a escola não conta

Com o apoio do estado

E não havendo incentivo

Encontra farto motivo

Pra um ensino degradado.

Das lembranças do passado

Que guardo em minha memória,

Uma é que alcancei

O tempo da palmatória

Que era temida e malvada,

E hoje se encontra arquivada

Nos anais da nossa história.

Não havia escapatória

Pra fugir desse instrumento

Era aplicado o castigo

E sem compadecimento

No aluno que errasse

Ou por outra apresentasse

Algum mau comportamento.

Se hoje em algum momento

Um professor reclamar

Que o aluno está errado

Ele tende em revidar

Agindo com rebeldia

Segue pra diretoria

Pra o mestre denunciar.

Se o pai quer aconselhar

Ao filho, ele diz assim,

Ou você me deixa em paz,

Ou posso até dar-lhe fim

E é bom que esteja certo

Não quero vê-lo por perto

O senhor não manda em mim.

Esse tratamento enfim

É ousado e diferente

Porque no outrora o filho

Ao pai era obediente

Ele nunca reclamava

Pois só um olhar bastava

Sequer ralhava com a gente.

Do passado pra o presente

A diferença é total

Pois hoje a modernidade

De uma forma radical

Mudou o comportamento

Do jovem, pra violento,

E os pais estão sem moral.

E de maneira banal

É hoje tratada a vida

Até crianças ingressam

Dentro da área bandida

Atiram de mão armada

E a população coitada!

Morre de bala perdida.

Hoje a multidão sofrida

Num mar de medo se afoga

Nosso país vive em guerra

Na disputa pela droga

Aonde os probos plebeus

Sempre confiando em Deus

Apelando, em prece roga.

Outro assunto está em voga

E ao jovem compromete

É o uso incontrolado

Do acesso a internet

E o que nesse vício insiste

Indiferente assiste

Algo que não lhe compete.

No tempo em que fui “pivete”

“Nada disso tinha não”

A gente se contentava

Com carrapeta e pinhão,

Jogava bola de gude,

Pescar peixe no açude,

Era a nossa diversão.

Com um tablete na mão

A o mundo tendo acesso

A garotada de hoje

Vive a era do progresso

Isso me deixa inseguro

A pensar se no futuro

Eles irão ter sucesso.

Não sou contra, mas confesso,

Que com tanta evolução

Tanta tecnologia

A sua disposição

Temo que não se interesse

Ou até lhe cause estresse

Deixar essa profissão.

Essa é minha opinião

Um palpite tão somente.

Mas acredito no jovem

Que é bem mais inteligente

Hoje, essa técnica incrível,

Gera farto combustível

Pra tocar o barco em frente.

No jovem vejo a semente

Eclodir em seu perfil

E por está confiante

Dou-lhe a minha nota mil

E estou bastante seguro

Que a eles cabe o futuro

Da nossa pátria, o Brasil.

Minha vivência infantil

Da de hoje é diferente

Pois o garoto do mato

Era ingênuo e inocente

Ora não é mais assim,

A evolução enfim

Por lá já se faz presente.

Espero que brevemente

Haverá uma inversão

Pra que a criança possa

Caminhar em direção

Da sonhada honestidade

Pondo um fim na tempestade

De roubo e corrupção.

Aqui findo a narração

Que dissertou a criança

Confiante na medida

Em que nosso tempo avança

Nosso crédito nela aumenta

Pois sei que ela representa

Pra o futuro a esperança.

Carlos Aires

01/10/2017