SOU MATUTO, SOU SERTÃO!!!

Eu sou o chapéu de couro

Que identifica o vaqueiro,

A luz fraca e “fumacenta”

Do lume de um candeeiro

Sou o cigarro de palha

O caçuá a cangalha

Sou a peixeira, o facão,

Enxada, pá, alavanca,

Foice, machado, chibanca,

Sou matuto, sou sertão.

Sou igual ao umbuzeiro

Depois que perde a folhagem,

Da caatinga ressequida

Eu sou a perfeita imagem,

O barreiro que secou

A lavoura que murchou,

Com o calor do verão

Sou juriti, sou nambu,

Sou rude igual ao tatu

Sou matuto, sou sertão.

Enfrento o sol que acalora

E aquece a face da terra

Matando toda a pastagem

Na encosta, ou no pé da serra,

A fome que mata o gado,

A seca que no roçado

Torra o milho e o feijão

Sou um fio de esperança

Sou calmaria, bonança,

Sou matuto, sou sertão.

Sou a flor do fedegoso

A folha do “mela bode”

Falo “Oxente” “Pruculá”

“Pruque”, “Pru via”, “Prumode”,

Cozinho em fogão de lenha,

Ser um roceiro da brenha

Só me traz satisfação,

Por isso afirmo seu moço!

Eu sou “carne de pescoço”

Sou matuto, sou sertão.

Carlos Aires

21/09/2017