AH! COMO EU QUERIA!!!
Como eu queria rever
Aquela terrinha amada
Correr nos campos floridos
Acordar de madrugada
Para exalar os primores
Do cheiro vindo das flores,
Deleitar-me nesse escol!
Vendo o sol rasgar o manto
Intocável, sacrossanto,
Eclodindo no arrebol.
Como eu queria voltar
Pra casa velha alpendrada
Caminhar no seu terreiro
Sentar naquela calçada
Contemplando a linda serra,
Retornar a minha terra
Reaver minha raiz
Matando aquela saudade
Da doce infantilidade
Aonde eu fui tão feliz.
Como eu queria outra vez
Divagar pela devesa
Escutar os passarinhos,
Livres pela natureza,
Ouvir o som das cigarras,
Ver periquitos, gangarras,
Revoar pelas campinas,
E um lençol de brancas neves
Com suas camadas leves
Se estender sobre as colinas.
Como eu queria sentir
O frescor da brisa fria,
No crepúsculo vespertino
Quando a noite se inicia,
Olhar para os horizontes
Quando montanhas e montes
Envoltos pelos negrumes
Ficam na opacidade
Para a luminosidade
Afluir dos vaga-lumes.
Como eu queria entender
Porque é que o tempo passa
Tão depressa como fosse
A cortina de fumaça
Que o vento vem e dispersa,
Numa suave conversa
Que nem dá pra perceber
Que ela ao trazer a velhice
Leva embora a meninice
E jamais irá devolver.
Como eu queria poder
Por ali rever meus pais
Que foram pra eternidade
E não voltam nunca mais,
A sequidão que devora
Botou-me de lá pra fora
E hoje vivo pesaroso.
Porém enquanto eu viver
Jamais irei esquecer
Do meu Sítio Frutuoso!
Carlos Aires
21/01/2017