NUMA FEIRA DO SERTÃO!!!
Um esperto mangalheiro
Vende laranja e banana,
Ali perto uma cigana
Ler mão, e ganha dinheiro,
Embolador com o pandeiro
Faz sua improvisação,
Um velho vende feijão,
Milho, farelo e farinha,
Peru, guiné e galinha,
Numa feira do sertão.
O poeta de cordel
Chega com sua maleta
Espalha uma lona preta
E organiza seu painel
Logo faz um aranzel
Para chamar atenção
E os folhetos num cordão
Ele estende para expor
Atraindo o comprador
Numa feira do sertão.
Na bodega de Seu Doca
Tem tudo que se procura,
Pirulito, rapadura,
Broa, bolo e tapioca,
Confeito, alfenim, pipoca,
Biscoito, bolacha e pão.
Cachaceiro no balcão
Saboreando a manguaça
Pra se lascar na cachaça
Numa feira do sertão.
Na banquinha de seu Zeca
Tem corda para viola
Caldeirão e caçarola
Tigela, alguidar, caneca,
Bola de gude, peteca,
Ponteira boa e pinhão,
Ratoeira e alçapão
Martelo, preguinho e tacha,
Tudo isso a gente acha
Numa feira do sertão.
Tem muita comida boa
Noutro banco mais na frente
Paçoca, cachorro quente,
Biscoito, bolacha e broa,
E para quem não enjoa
Carne gorda com pirão.
Rabo de galo, quentão,
Sarapatel e buchada,
Carne de sol bem passada
Numa feira do sertão.
Caldo de cana madura
Praquele que aprecia
Mamão, manga e melancia,
Mel de abelha e rapadura
Umbu, lá tem com fartura,
Colhido na região
Também se encontra melão,
Caju, cajá e goiaba,
Pitomba e jabuticaba,
Numa feira do sertão
A verdureira Zefinha
Com a banca bem no centro
Vendendo cebola, coentro,
Repolho, couve, abobrinha,
Berinjela, cebolinha,
Acelga, alface, agrião,
Maxixe tem de montão
O tomate e a beterraba,
Quiabo que não se acaba,
Numa feira do sertão.
Tem estoque variado
Na banca de seu Monteiro
Lamparina, candeeiro,
Corrente pra cadeado,
Parafuso para arado,
Enxada ancinho e facão,
Caixote, carro de mão,
Peixeira de qualidade
Você encontra a vontade
Numa feira do sertão.
Seu Catota em sua banca
Vende tudo quanto é tralha,
Esteira, pau de cangalha,
Foice, machado e chibanca,
Pé de cabra e alavanca,
O fogareiro, o carvão,
Bombril, sapólio, sabão,
Pão francês e pão crioulo,
Cachimbo e fumo de rolo,
Numa feira do sertão.
Na banca de Dona Lola
Se, está procurando arreio,
Encontra a sela e o freio,
O rabicho e a rabichola,
Manta, cabresto e argola,
Chapéu de couro e gibão,
Careta pra barbatão,
Botas boas pra calçar
Tudo isso vai achar
Numa feira do sertão.
Chapéu de palha, alpercata,
Relho do bom, landuá,
Garajáu e caçuá,
Corda de couro e chibata,
O pote de barro, a lata,
Também o pau de galão
O tanoeiro, o surrão,
Bisaco e baleadeira
Isso é coisa corriqueira
Numa feira do sertão.
Dona Benta logo cedo
Arma o toldo do “mosqueiro”
Acende seu fogareiro
Cata o feijão, lava o bredo,
Não guarda nenhum segredo
Preparando a refeição,
Guisa a carne de um capão
Pra depois ser consumida
É assim que se faz comida
Numa feira do sertão.
E quando a feira se finda
Os garis dão um capricho
Varrem todo aquele lixo
Deixando a cidade linda.
Mas, é muito cedo ainda,
E o feirante faz questão,
De passar no barracão,
Pra tomar uma “lapada”,
E assim dou por terminada
Uma feira do sertão.
Carlos Aires
20/01/2017