NO DIA QUE EU MORRER
No dia que eu morrer
Haverá festa no céu
Os anjos virão correndo
Com caneta e papel
Pedindo-me Carlos Silva
Faça um verso em cordel
Falando da sua vida
E por tudo que passou
Nos teus erros cometidos
Quanta gente te enganou
Com lÍngua feito navalha
Com promessa de canalha
E em quantos acreditou?
Quantos destes te ajudaram
Te mostraram a direção
Dando-te uma força
Naquele mundo de ilusão
E os que se aproximaram
E os teus versos roubaram
Como faz o bom ladrão?
Conta como é a vida
Do ser humano mesquinho
Daqueles que enganando
Vão traindo no caminho
E tantos sonhos matando
Fingindo te ajudando
Te jogando no inferninho
Tua musica e poesia
Te deram um resultado?
E os amigos dividiram
Muitos palcos um bocado
Ou tu cantava sozinho
Tonto feito passarinho
Sem parceiros do teu lado?
Deve ter havido alguém
Que te estendeu a mão
Valorizou teu trabalho
Ou deu boa informação
Pra que fosse contratado
Para ganhar um trocado
Como honrado cidadão
Responda-nos meu poeta
Porque é que estás calado
Perguntamos uma coisa
Que te deixou contrariado?
E essa tua expressão
Eu tenho a sensação
Que você foi enganado
Eu comecei a falar
Vendo os anjos bem aflitos
Me enchendo de perguntas
Fazia parte dos ritos
E eu para desabafar
Começava a contar
Minha historia aos gritos:
Foi muitos caras de pau
Que na vida confiei
Cedendo meu ombro amigo
Muitos até amparei
Acreditando em amizade
Não enxergava a falsidade
Naqueles que acreditei
Esqueci até de deus
Confiando em amigos
Que me levando a ruína
Empurrando-me aos perigos
Foi assim por confiar
De fato fui encontrar
Amarguras e castigos
Eu ouvi tanta promessa
Feito santo iludido
Acreditei em todo mundo
Hoje estou arrependido
Muita gente nessa vida
Confesso em voz garantida
Quisera nem ter conhecido
Sei que o aprendizado
Fez-me de fato crescer
Foi uma forte lição
Que tive que aprender
Nesse mundo desunido
Até cristo foi traído
Lapidado pra vencer
Eu vi rico miserável
E muito pobre vagabundo
Vi gente trapaceando
Enganando todo mundo
Um monte de mentiroso
Com jeito bem ardiloso
Desses conheci a fundo
Vi a arte prostituída
Vendida sem um valor
Por gente que não respeita
As obras de um trovador
Vi muita gente de fato
Se vendendo tão barato
Sem caráter e sem pudor
Muita gente que dizia
Que por mim tinha amizade
Vi nos olhos destes ditos
Uma intensa falsidade
Não sabia que a pessoa
Ao invés de ser tão boa
Trazia tal crueldade
Políticos me abraçando
Sem entender o que eu fazia
Que era levar cultura
Proporcionar alegria
Em meio á analfabetos
Vi nos rostos desafetos
Fingida ideologia
Os olhos tão invejosos
Disparados contra mim
Confesso algumas vezes
Pensei ter chegado ao fim
Vi tantos incompetentes
De inteligência carentes
Sem nem saber de onde eu vim