Mini Cordel: Homenagem a minha tapera
Tortinha e pensa era ela
Queu tocava a cumieira
Um cupim na madeira
Já chegando na janela
Na porta uma tramela
Quando a lua se trepava
Pelas frestas alumiava
Um chão de barro batido
A boca da noite varrido
O casebre queu morava
No fogão o fumaceiro
Com a lenha a queimar
Eu chamuscava um preá
Pego pelos terreiros
Por um cão perdigueiro
Que mal podia latir
Com as costelas surgir
Mas vigiava o quintal
De tudo que fosse mal
Pra seguro eu dormir
Um sapo no pé do pote
Só ouvindo uma cigarra
La fora fazendo a farra
Sob a mira dum caçote
Um rádio tocava um xote
Enquanto me balançava
E o punho estalava
Da rede fedeno a mijo
Era meu esconderijo
Quando a luz se apagava
No inverno uma goteira
Me fazia companhia
Mas de manhã a alegria
Com o tambor da biqueira
O barro caindo da madeira
Ficando as varas somente
E eu menino inocente
Amolava minha enxada
Agradecia a invernada
Qu’ia dar comer a gente