Mini Cordel: Homenagem a minha tapera

Tortinha e pensa era ela

Queu tocava a cumieira

Um cupim na madeira

Já chegando na janela

Na porta uma tramela

Quando a lua se trepava

Pelas frestas alumiava

Um chão de barro batido

A boca da noite varrido

O casebre queu morava

No fogão o fumaceiro

Com a lenha a queimar

Eu chamuscava um preá

Pego pelos terreiros

Por um cão perdigueiro

Que mal podia latir

Com as costelas surgir

Mas vigiava o quintal

De tudo que fosse mal

Pra seguro eu dormir

Um sapo no pé do pote

Só ouvindo uma cigarra

La fora fazendo a farra

Sob a mira dum caçote

Um rádio tocava um xote

Enquanto me balançava

E o punho estalava

Da rede fedeno a mijo

Era meu esconderijo

Quando a luz se apagava

No inverno uma goteira

Me fazia companhia

Mas de manhã a alegria

Com o tambor da biqueira

O barro caindo da madeira

Ficando as varas somente

E eu menino inocente

Amolava minha enxada

Agradecia a invernada

Qu’ia dar comer a gente

Lino Sapo
Enviado por Lino Sapo em 03/08/2016
Código do texto: T5718025
Classificação de conteúdo: seguro