INFÂNCIA PERDIDA

Se tive infância não sei

Dela estou esquecido

Se passou como o vento

Pra mim foi tempo perdido

Infância e juventude

Pra mim não teve sentido

A infância se passou

Como uma forte alvorada

Um menino sem brinquedo

Sorriso sem gargalhada

Uma manhã sem brisa

Foi tarde ensolarada

Foi assim a minha infância

Sem beijos e sem carícias

Infância sobressaltada

Dela não sei a delícia

Foi só trabalho pesado

Uma infância sem malícia

Eu não brinquei nas calçadas

Nem também de esconder

Brincadeira de anel

De esconder e correr

Só sei citar os nomes

Mas nenhuma sei fazer

As brincadeiras de roda

Dizer adivinhações

Não joguei bola de gude

Nem o jogo de botões

Eu só fazia mandados

Eu só tomei beliscões

Minha infância foi assim

Infância de dissabores

De tristeza e agonia

Uma infância de dores

Foi uma infância perdida

Uma infância sem flores

Eu nunca pude dizer

Ó minha infância querida

Que os anos já levaram

Nela não tive guarida

Se eu já tive infância

Foi uma infância sem vida

Adeus, infância perdida,

Que de mim se afastou

E não voltará jamais

O que era doce acabou

Partiu sem dar despedida

Só a saudade ficou

Ela se foi muito cedo

Eu ainda estava dormindo

Partiu e se foi embora

Ainda vi ela saindo

Por isso até hoje

Saudade fico sentindo

Ó minha infância querida

Por ti eu vivo chorando

Te procurei e não achei

Teu nome vivo chamando

Sei que não a encontrarei

E velho já estou ficando

Continuarei esta busca

Embora seja sentida

Era tão meiga e bela

Por isso ficou ferida

Senhores, a minha infância

Foi uma infância perdida.

Zé Bezerra o Águia de Prata
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 18/07/2007
Reeditado em 19/07/2007
Código do texto: T569863
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.