ASSIM ERA A MINHA TERRA
Assim era a minha terra
No meu tempo de criança
Não se falava em ganância
Só se falava em bondade
No campo ou na cidade
Era a maior alegria
Tanto a noite quanto o dia
Se andava em segurança
Nunca me sai das lembranças
As coisas que lá eu via
Assim era a minha terra
Nas noites de lua cheia
Meu pai fazia fogueira
Não tinha nenhum perigo
Convidava os amigos
Pra contar suas histórias
De Lobisomem, Caipora,
Caça, pesca e aventura
Mesmo a vida sendo dura
Todos eram agradecidos
Assim era a minha terra
Cheia de flores no campo
As aves de tão felizes
Bem longe se ouvia o canto
A mata era um grande manto
Que cobria toda a serra
Todos evitavam guerras
Só paz amor e harmonia
Na vida só alegria
Assim era a minha terra
Assim era a minha terra
No bosque o Ipê florido
Longe se ouvia o zumbido
Das abelhas atrás do mel
As borboletas no céu
Em tempo de primavera
A água descia a serra
Caindo pela cascata
O arco-íris na mata
Nunca vi coisa tão bela
Assim era a minha terra
Logo pela madrugada
Se ouvia a passarada
Em meio ao arvoredo
Lá cantavam sem ter medo
O Curió e o Canário
O Rouxinol e o Galo
O Sabiá e o Tisil
O Beija-flor, o Concril
Era lindo este cenário
Frutas lá em minha terra
Se via em todo o lugar
Jaca, caju e ingá
Manga, coco, carambola
Jabuticaba, acerola
Lima, laranja, limão
Maracujá, frutapão
Melão, mamão e cajá
Um verdadeiro pomar
Um conto, um reino uma história
Assim era a minha terra
Rios de água muito fina
Fonte de águas cristalinas
Que matavam a nossa sede
Lugar para armar a rede
E descansar sossegado
Ar puro oxigenado
Nenhuma poluição
Ali não tinha a ação
De homens desnaturados
Assim era a minha terra
Peixes no rio não faltava
Caça na mata abundava
Lá ninguém passava fome
A natureza e o homem
Viviam em harmonia
O que plantavam colhiam
Preservando a natureza
Conservando a beleza
Vivendo com alegria
Em minha terra as crianças
Brincavam de escolinha
To no poço, amarelinha
Esconde-esconde e anel
Eram doces iguais ao mel
As brincadeiras de roda
Ao som de uma viola
Sanfona zabumba e pandeiro
Assim era o ano inteiro
Um mar de rosas um céu
Os idoso em minha terra
Eram muito respeitados
Os pais reverenciados
Por filhos agradecidos
Sempre chegavam aos ouvidos
As "boas horas" do dia
Era a maior alegria
Encontrar uma pessoa
Assim a vida era boa
Porque todos eram queridos
Hoje la em minha terra
Não é como em minha infância
Porque a triste ganância
Tomou lugar da bondade
No campo e na cidade
Em lugar da alegria
Só dor, revolta, agonia...
Por causa da violência
O homem trouxe a sentença
De sua própria tirania
Chegaram a minha terra
Homens, ganância e progresso
Falaram que o sucesso
Estava a nossa mão
Trouxeram a televisão
Nos mudaram de lugar
Nunca pude imaginar
Que isso ia acontecer
Hoje choro em perceber
Minha terra como está
Demarcaram nossas terras
Cortaram os outizeiros
Derrubaram os cajueiros
E os pés de frutas-pão
Pes de laranja e limão
Jaca, caju e ingá
Até meu pé de caja
La em cima do lajeiro
O infame madeireiro
Se atreveu e foi cortar
Desbravaram toda a serra
Por fim derrubaram a mata
Não há peixes e nem cascata
Porque o ria secou
O arco-íris tomou
A linha do horizonte
Até a agua da fonte
Que matava a nossa sede
Ao ver acabar-se o verde
Sumiu nunca mais voltou
O Curió que cantava
Dentro do bosque selvagem
O Jurití na folhagem
Com o seu voo majestoso
O Urubu e o Corvo
Limpando o meio ambiente
O Carcará a Serpente
controlando o ecossistema
Ao perceber essa cena
Foram embora para sempre
Os animais que viviam
Sem medo em meio ao bosque
Fugiram ao ver que a morte
Rondava aquele lugar
Não se ver mais o luar
Por causa do fumaceiro
O ar causa desespero
A nossa respiração
É de cortar coração
A triste situação
Que se encontra o meu lugar
Porém tudo tem um preço
Vemos ai a sentença
As terríveis consequências
De toda a devastação
A natureza em ação
Cobrando o que lhe pertence
E muitos inconsequentes
Continuam duvidando
Que estamos caminhando
Rumo a destruição
Assim com muita tristeza
Vejo tudo acontecendo
O planeta está morrendo
O sol cada vez mais quente
O nosso meio ambiente
Cada vez mais poluído
Isso tem comprometido
O ar que nós respiramos
E a vida que tanto amamos
Pouco a pouco perecendo
Vamos unir nossas forças
E trabalhar com amor
Deixar de lado as barreiras
Que o próprio Homem criou
Cuidar mais da natureza
E preservar a beleza
Dessa terra enriquecida
É bom que ninguém se esqueça:
" EM NENHUM OUTRO PLANETA
SE ENCONTRA SINAIS DE VIDA"